Massacre em museu deixa 19 mortos, incluindo 17 turistas, na Tunísia

Massacre em museu deixa 19 mortos, incluindo 17 turistas, na Tunísia

É o primeiro ato contra estrangeiros desde a revolução tunisiana

AFP

Massacre em museu deixa 22 mortos, incluindo 20 turistas, na Tunísia

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Vinte e duas pessoas pessoas, incluindo 19 turistas estrangeiros, foram mortos nesta quarta-feira no ataque contra o Museu do Bardo em Túnis, o primeiro ato contra estrangeiros desde a revolução tunisiana. Este ataque terrorista, segundo o ministério do Interior, afeta o país pioneiro da Primavera Árabe que, ao contrário dos demais Estados que viveram movimentos contestatórios em 2011, conseguiu escapar até então da onda de violência ou de repressão. "A operação terminou", anunciou o porta-voz do ministério Mohamed Ali Arui às 15h (12h de Brasília), quatro horas após o início da crise. "São 19 mortos, sendo 17 turistas de nacionalidades sul-africana, francesa, colombiana, polonesa e italiana", afirmou à imprensa o porta-voz do ministério do Interior, Mohamed Ali Arui. As duas vítimas tunisianas são um policial e um civil, enquanto os dois criminosos também foram mortos. 

Segundo o primeiro-ministro Habib Essid, a polícia procura dois ou três cúmplices do ataque. "Há a possibilidade, mas não a certeza, (de que os dois agressores mortos) foram ajudados por dois ou três elementos, e nós lançamos vastas operações para identificar esses terroristas", indicou. De acordo com Arui, "há 42 feridos, incluindo italianos, franceses, belgas e um russo". Os agressores, vestidos em uniformes militares, atiraram contra os turistas quando estes desciam do ônibus e os perseguiram no interior do museu, de acordo com o primeiro-ministro.Cerca de cem turistas estavam no museu quando "dois homens ou mais, armados com Kalachnikovs", atacaram. Uma funcionária do museu, visivelmente abalada, testemunhou ter ouvido "tiros intensos por volta de meio-dia". "Meus amigos gritavam: 'fujam, fujam, são tiros'", relatou Dhuha Belhaj
Alaya.

Pânico No Parlamento, ao lado do museu, o pânico imperou quando os tiros foram ouvidos, informou a deputada Sayida Ounissi em seu Twitter. O tiroteio ocorreu "durante a audiência das forças armadas sobre a lei anti-terrorismo", com a presença do "ministro da Justiça, juízes e vários oficiais do exército", disse ela. Os trabalhos da casa foram suspensos.
O governo dos Estados Unidos condenou o atentado e expressou sua solidariedade com o povo do país. "Os Estados Unidos condenam nos termos mais fortes possíveis o ataque terrorista de hoje no Museu do Bardo na Tunísia", indicou o secretário de Estado John Kerry em um comunicado.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também condenou o que chamou de deplorável ataque contra o museu tunisiano e transmitiu suas profundas condolências às famílias das vítimas. O ministério das Relações Exteriores italiano, citado pelas agências italianas, informou que dois italianos ficaram feridos e muitos estão sob a proteção da polícia. Alguns turistas presentes viajavam no cruzeiro Costa, que faz escala no porto de Túnis. Já o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, lamentou em seu Twitter a "morte de 2 colombianos em Túnis e oferecemos condolências a sua família".

O presidente da Tunísia, Beji Caid Essebsi, visitou o hospital Charles Nicole de Túnis, onde os feridos foram hospitalizados, de acordo com um jornalista da AFP. "As autoridades tomaram todas as medidas para garantir que tais atos nunca mais voltem a acontecer", ressaltou. Este ataque "visa a nossa economia", declarou Mohsen Marzuk, conselheiro político do presidente, referindo-se a importância do setor do turismo no país. Desde a revolução de janeiro de 2011, que depôs o presidente Zine El Abidine Ben Ali, a Tunísia viu crescer um movimento jihadista, responsável pela morte de dezenas de policiais e soldados, segundo as autoridades. Ligado à Al-Qaeda, o Okba Ibn Nafaa Phalanx é considerado o principal grupo jihadista ativo no país, atuante na região do monte Chaambi, na fronteira com a Argélia. 

Entre 2 mil e 3 mil tunisianos também teriam se juntado às fileiras jihadistas no exterior, principalmente na Síria, Iraque e Líbia. Quinhentos outros jihadistas tunisianos teriam retornado ao país e seriam, segundo a polícia, uma das maiores ameaças à segurança do país. Tunisianos que combatem ao lado do grupo Estado Islâmico (EI), muito ativo na Síria e no Iraque, também ameaçaram sua terra natal nos últimos meses.

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