Milhares de mulheres se juntam na Argentina no ano da luta pelo aborto legal
Encontro busca-se visibilizar "a luta das mulheres pela igualdade e por uma vida livre de violência machista"
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No primeiro encontro, em 1986, foram mil autoconvocadas, e este ano as organizadoras aguardam 50 mil mulheres, transexuais e travestis que participarão ao longo de três dias de 74 oficinas e duas marchas. A patagônica Trelew, de 100 mil habitantes, a 1.400 quilometros ao sul de Buenos Aires, foi escolhida como reconhecimento das mulheres originárias de nações indígenas. Este grupo vem lutando para que o encontro passe a se chamar plurinacional, ao invés de nacional, e que valorizem as suas lutas ancestrais.
Este ano, o encontro recebe o impulso das maciças manifestações de mulheres que acompanharam o histórico debate parlamentar do projeto de aborto legal, seguro e gratuito que, na Argentina, só é permitido em caso de estupro ou de perigo de morte para a mulher. Em 13 de junho foi aprovado pela Câmara de Deputados, mas em 8 de agosto o voto conservador no Senado se impôs.
"Ao forno o patriarcado!", é o nome da feira gastronômica para a qual as participantes reunidas no Autódromo de Trelew são chamadas. Já a feira de artesanato leva o nome "Evelyn" em homenagem a uma artesã assassinada por seu ex-parceiro com 20 facadas em 14 de junho.
Um total de 200 feminicídios ocorreram na Argentina de 1º de janeiro a 25 de setembro, um a cada 32 horas. Um dos que mais impacta este encontro é o de Patricia Parra, uma trabalhadora de 56 anos assassinada horas antes de viajar para Trelew, supostamente por seu ex-parceiro, a quem havia denunciado por violência de gênero.