Mobilização de "coletes amarelos" diminui na França no quinto sábado de protestos
Polícia estimou o número de manifestantes em cerca de 3 mil, ante 10 mil no sábado anterior
publicidade
O ambiente deste sábado era mais pacífico. Os incidentes foram menores, de alguma importância em cidades de províncias como Bordeaux, onde paralelepípedos foram lançados contra policiais, mas muito menos dramáticos em Paris, onde comerciantes e prédios do governo foram alvo por cinco sábados consecutivos da violência de manifestantes e vândalos. No total, 168 pessoas foram detidas.
Em Paris, menos de 3 mil pessoas participaram da mobilização, que, há uma semana, reuniu cerca de 10 mil, segundo a polícia, que voltou a mobilizar cerca de 8 mil agentes. Os bloqueios em estradas continuavam.
• Governo francês pede aos "coletes amarelos" que não protestem no sábado
"É um pouco um fracasso, porque o Estado impede que nos manifestemos de forma adequada", declarou a empregada doméstica Marie, 35 anos. "Estamos um pouco desmoralizados, mas o movimento não acabará aqui", afirmou Francis Nicolas, 49 anos, em Lyon.
O ministro do Interior francês, Christophe Castaner, pediu hoje no Twitter, após a mobilização, que sejam liberadas as rotundas do país ocupadas há semanas pelos coletes amarelos. "O diálogo deve, agora, reunir o conjunto dos que querem transformar a França", estimou.
Gás lacrimogêneo
Gás lacrimogêneo voltou a ser usado neste sábado, mas a polícia conseguiu, aos poucos, encurralar os últimos manifestantes na avenida Champs Elysées, cenário de incidentes graves nas convocações passadas. A chuva gelada e o frio contribuíram para acalmar os ânimos. Ainda assim, Paris voltou a ter o aspecto de cidade em estado de sítio: blindados nas ruas e bancos e lojas com fachadas cobertas por placas de madeira. "É triste", resumiu o turista Alain Burgun, 65 anos, do noroeste da França.
Apesar das medidas de segurança, a Torre Eiffel e os principais museus da cidade, fechados no último sábado, abriram, assim como as grandes lojas, a poucos dias do Natal. Como nas semanas anteriores, as forças de segurança protegeram o acesso a instituições como o Palácio do Eliseu e a Assembleia Nacional. Em Bordeaux, onde cerca de 4,5 mil pessoas se manifestaram, houve choques com a polícia, assim como em Saint-Etienne, Toulouse, Nantes, Besançon, Nancy e Lyon. Os acessos a algumas estradas continuavam bloqueados no começo da noite deste sábado.
"Talvez o movimento perca força nas ruas, mas não perderá força em nossas mentes", afirmou Lorenzo Gennaro, 34 anos, que estava entre os 150 coletes amarelos reunidos, sem incidentes, em Grenoble. Em Paris, na Praça da Ópera, uma das figuras do movimento, Priscillia Ludosky, afirmava: "Estamos cheios de raiva!" Outro manifestante pedia que a soberania fosse devolvida ao povo com o estabelecimento de referendos de iniciativa cidadã, outra demanda dos coletes amarelos.