Moscou denuncia "mito da ameaça russa" na Europa

Moscou denuncia "mito da ameaça russa" na Europa

Serguei Lavrov acusou o belicismo ocidental da desestabilização

AFP

Serguei Lavrov acusou o belicismo ocidental da desestabilização

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O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, denunciou nesta quinta-feira o "mito de uma ameaça russa" e acusou o belicismo ocidental de desestabilizar a Europa, no âmbito de uma reunião anual dos ministros das Relações Exteriores da OSCE.

"Apenas um diálogo de igual para igual permitirá criar a atmosfera necessária para uma análise objetiva do poderio militar (russo e ocidental) na Europa", ressaltou durante esta reunião em Hamburgo (norte da Alemanha) da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa. "Vamos pegar juntos um mapa da Europa para ver o que há, onde e a quem (pertence). Estamos convencidos de que esta análise demonstrará de maneira convincente o mito da ameaça russa e apontará de onde vem a verdadeira ameaça", disse, referindo-se à ampliação e às mobilizações de tropas da Otan no Leste, que Moscou não para de denunciar como um ataque a sua segurança.

Lavrov também destacou que as intervenções ocidentais no Oriente Médio desestabilizaram a região a ponto de ameaçar a segurança europeia, enquanto a Rússia e os ocidentais se acusam mutuamente há tempos de atiçar a guerra civil na Síria.
"Uma conversa honesta deve ser realizada sobre as causas da crise migratória na Europa, que é o resultado da ingerência grosseira nos assuntos internos de países do Oriente Médio e da África do Norte, conduzindo ao caos, ao terrorismo", ressaltou Lavrov.

Sobre o conflito no leste da Ucrânia, Lavrov considerou que era Kiev quem estava minando os esforços de paz ao rejeitar um diálogo direto com os rebeldes pró-russos do Donbas. Por sua vez, Pavlo Klimkin, chefe da diplomacia ucraniana, criticou fortemente a "agressão russa" e pediu mais uma vez que a OSCE mobilize uma missão com policiais armados na zona do conflito e na fronteira entre Rússia e Ucrânia.

A Alemanha, que neste ano preside a OSCE, uma organização criada durante a guerra fria para promover o diálogo entre o leste e o oeste, constatou a degradação das relações dentro da instituição. "Os pilares (da OSCE) desmoronam, o tom é cada vez mais duro entre o Leste e o Oeste", declarou o ministro das Relações Exteriores alemão, Frank-Walter Steinmeier. "Precisamos de respostas comuns diante dos novos desafios do terrorismo, do extremismo, dos ciberataques. Devemos reconstruir a confiança perdida".

Por outro lado, Lavrov e o secretário de Estado americano, John Kerry, presente na mesma reunião, não conseguiram avançar para um acordo de cessar-fogo na cidade síria de Aleppo após dois encontros informais, segundo fonte americana.
"Não registramos progressos nem conclusões em Aleppo", disse uma fonte americana antes de Kerry deixar a cidade onde se reuniram os 57 membros da OSCE. De acordo com a mesma fonte, Kerry afirmou que os esforços diplomáticos devem prosseguir.

Na quarta-feira, seis países ocidentais, incluindo os Estados Unidos, pediram um cessar-fogo imediato para enfrentar a "catástrofe humanitária" em Aleppo e pediram a Rússia e Irã que aproveitem sua influência sobre o regime de Assad para alcançar ameta.

No mesmo encontro, Kerry alertou contra o perigo do "autoritarismo populista" e da "tirania". "Em muitos lugares (...) na região da OSCE, vimos recentemente o auge do pensamento autoritário, acompanhado de retrocessos nos diritos humanos, restrições à mídia independente e de um aumento dos atos de intolerância", afirmou. "Cada erosão das liberdades fundamentais se converte num tijolo a mais no caminho para a tirania", acrescentou.

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