Número de casos de coronavírus ultrapassa os 7,7 mil na Espanha

Número de casos de coronavírus ultrapassa os 7,7 mil na Espanha

Moradores só podem sair de casa para comprar comida e remédios, ir ao trabalho, médico ou ao banco

AE

Restaurantes, bares, comércio não essencial, hotéis, escolas e universidades foram fechados na Espanha

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O Ministério da Saúde da Espanha divulgou neste domingo que o número de casos confirmados do coronavírus no país chegou a 7.753, enquanto que o número de mortos foi a 288, ante 193 registrados até ontem. A maior parte dos casos está na região de Madri, que concentra 3.544 pessoas infectadas pela covid-19, além do maior número de vítimas fatais até o momento, 213. A Catalunha tem 715 casos e oito mortes. 

De acordo com os dados do ministério, a Espanha tem o segundo maior número de casos e de mortes causadas pelo vírus na Europa, atrás apenas da Itália. Ontem, o governo espanhol declarou o coronavírus uma emergência nacional por duas semanas. Foi a segunda vez desde a redemocratização, em 1978, que o país utilizou o mecanismo. 

Espanha se adapta ao isolamento pelo coronavírus

Com shows e partidas de bingo acontecendo nas janelas de casa, jantares e yoga em casa, os espanhóis, muito acostumados a passar mais tempo fora de casa, buscavam desde neste domingo adaptar-se a viver em quase total confinamento para frear a propagação do novo coronavírus.

O governo espanhol decretou no último sábado estado de alerta e impôs sérias restrições aos seus habitantes: os cidadãos só poderão sair de casa para comprar comida ou remédios, ir a hospitais, ir para o trabalho ou para cuidar de idosos, crianças ou pessoas dependentes.

É um cenário inédito, que durará no mínimo 14 dias e que implica no fechamento de quase todo o comércio - com exceção dos supermercados e farmácias - nesse país que possui 46 milhões de habitantes. 

Segundo vários jornalistas da AFP, neste domingo a movimentação nas ruas diminuiu, embora em Madri e Barcelona ainda tenham pessoas passeando com cachorros, presentes em filas para compras em supermercados ou se exercitando ao ar livre, essa última atividade não permitida. 

"Fechado por duas semanas" 

"Eu amo sair para passear e andar, algo que meu médico disse ser muito bom para minha idade. Não dá para ficarmos duas semanas confinados, mas é o que temos que fazer", disse em Barcelona à AFP Antonio Martín, a caminho para comprar o jornal do dia, sua única saída.

Os agentes da polícia, que estão todos sob ordens do ministério de Interiores, alertavam aos que caminhavam pelas ruas de alguns bairros da capital que não era permitido passear. 

Em Madri, drones da Polícia Municipal com alto-falantes diziam para a população "permanecer dentro de casa". "A parte psicológica é a mais complicada de lidar", admite à AFP Miriam Burgués, jornalista de 41 anos confinada em um apartamento de um bairro em Madri, junto ao seu marido e suas duas filhas, de dez e cinco anos. "Até agora, (as meninas) estão tranquilas, mas quando mais dias passarem vamos ver como elas reagem, se nós ficamos aflitos, imaginem elas", conta Miriam. 

Desde a última quarta elas estão sem aulas, mas, em uma situação que também acontece no restante do país, recebem todos os dias do colégio por WhatsApp as tarefas de casa. Além disso, fazem exercícios físicos, o professor envia uma série de flexibilidade e coreografias para "manter-se em forma", relata a jornalista. 

María Mosquera, de 40 anos, administradora que gerencia compras para clínicas oftalmológicas, tenta manter a normalidade em casa, onde vive com seu marido e sua filha: "Na noite do último sábado fizemos um jantar romântico em casa, e comemos como se estivéssemos em um restaurante".

Sua filha, de sete anos, chorou um pouco porque queria sair para brincar com os amigos. "Mas quando explicamos a eles (as crianças), entendem a situação. É uma oportunidade de aproveitar para fazer as coisas juntos, como trabalhos manuais", disse María.

Solidariedade ampliada

Para enfrentar o confinamento, a criatividade aflora, com a hashtag #YoMeQuedoEnCasa (em português, #EuFicoEmCasa): assim como na Itália, cada vez mais há na internet pedidos para músicos fazerem pequenos shows em suas varandas ou janelas, e esportistas compartilham exercícios para se fazer em casa. 

Em Sevilha, um grupo de vizinhos jogou bingo das suas varandas, segundo mostrou um vídeo muito compartilhado nas redes sociais. Museus como o Prado oferecem visitas online e plataformas de filmes e séries online oferecem seus conteúdos grátis. A solidariedade é ampliada.

"Me ofereço voluntariamente para ir fazer compras no supermercado ou comprar remédios na farmácia" para idosos ou pessoas incapacitadas, dizia uma das diversas mensagens no Facebook com a hashtag #YoTeHagoLaCompra (em português, "EuComproParaVocê).


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