Nova eleição em Istambul é "passo importante para a democracia", afirma Erdoğan

Nova eleição em Istambul é "passo importante para a democracia", afirma Erdoğan

Presidente turco defendeu que houve corrupção no pleito em que seu aliado saiu derrotado

Correio do Povo

Presidente afirmou que houve fraude nas eleições

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O presidente turco, Recep Tayyip Erdoğan, elogiou a ordem polêmica da autoridade eleitoral para realização de novas eleições em Istambul e defendeu que esse é o melhor caminho para o país. "Vemos esta decisão do Conselho Supremo Eleitoral da Turquia (YSK), que removerá a sombra sobre as eleições em Istambul, um passo importante no fortalecimento da democracia da Turquia", disse o mandatário em uma reunião do Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), que saiu derrotada na votação, no final de março. Ekrem İmamoğlu, da oposição, venceu com menos 13 mil votos de diferença na cidade, que tem 16 milhões de habitantes e é o motor econômico nacional.

Suas declarações aconteceram um dia após o YSK ter anunciado que uma eleição em Istambul será realizada em 23 de junho. Os membros do conselho aceitaram a objeção do AKP aos resultados das eleições locais em Istambul, com sete votos a favor e quatro contra. “Não existe tal coisa que não aceitamos o resultado que sai da urna. Acreditamos sinceramente que a corrupção organizada, a total ilegalidade e irregularidade ocorreram nas eleições de Istambul", acrescentou.

Erdoğan falou de "crime organizado" e "corrupção séria" durante a votação. "Os documentos que apresentamos são muito sólidos e baseados em evidências concretas que não podem ser contestadas. Acreditamos sinceramente que houve corrupção e irregularidades organizadas”. Ele disse que se o seu governo não tomar conta dos "ladrões" que roubaram a "vontade nacional" nas urnas, "nosso povo exigirá uma explicação nossa".

Mais tarde, o presidente respondeu a perguntas de jornalistas no parlamento. Ele disse que o ex-primeiro-ministro Binali Yildirim será novamente o candidato à prefeitura pela Aliança Popular nas eleições de Istambul e que o governador de Istambul, Ali Yerlikaya, desempenhará as funções de prefeito até a votação de 23 de junho. A derrota do AKP na megalópole, onde governava por 25 anos, foi um grande revés para Erdoğan, que declarou em várias ocasiões que "quem ganha em Istambul, ganha na Turquia".

Oposição se reúne após anulação da vitória 

O prefeito de Istambul se reúne nesta terça-feira com líderes da oposição para definir sua estratégia. Imamogul deve se encontrar em Ancara com o líder do seu partido, o CHP (social-democrata), Kemal Kiliçdaroglu, e com a líder do partido Iyi (conservador), Meral Aksener. Ele condenou esta decisão e denunciou um "golpe contra as urnas", afirmando que a Turquia está mergulhando em uma "ditadura".

Para İmamoğlu, que venceu apesar das condições amplamente desequilibradas de campanha em favor de seu adversário, a anulação da votação soa como um golpe. Apesar de tudo, quis tranquilizar e seus partidários e se mostrar combativo na segunda-feira à noite, pedindo a seus seguidores reunidos em Istambul para "não se desesperar". "Nós nunca vamos desistir", disse ele. Vários milhares de simpatizantes do Imamogul protestaram na segunda-feira à noite em Kadiköy, um distrito na costa asiática de Istambul, contra a decisão da Autoridade Eleitoral.

"É o colapso da democracia já em declínio na Turquia. O processo que virá está condenado a ser ainda pior", lamentou Ali Yamaç, um partidário de Imamoglu. A decisão de anulação da votação pode reforçar as acusações de autoritarismo contra Erdogan, quando organizações de defesa dos direitos Humanos traçam um retrato cada vez mais sombrio da Turquia desde o golpe fracassado de 2016, que foi seguido de expurgos em massa;

Para o centro de análise Soufan Center, "a recente interferência nas eleições é um sinal claro que Erdogan está determinado a alcançar um poder absoluto a qualquer preço". Após a decisão da YSK, a União Europeia pediu na segunda-feira que as autoridades turcas autorizem observadores internacionais para a nova votação em junho. Por sua vez, o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, descreveu como "incompreensível" a anulação da vitória e exortou "o respeito pelos princípios democráticos básicos, em condições eleitorais transparentes".


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