"O Brasil não concorda com uma invasão", diz Mourão sobre ataque russo à Ucrânia

"O Brasil não concorda com uma invasão", diz Mourão sobre ataque russo à Ucrânia

Vice-presidente afirmou que o Brasil respeita a soberania ucraniana e que Ocidente busca paz

R7

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O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou nesta quinta-feira que o Brasil não está neutro em relação ao ataque russo sobre a Ucrânia e que “deixou muito claro que respeita a soberania” do país invadido. “O Brasil não concorda com uma invasão do território ucraniano.”

Forças terrestres da Rússia entraram na Ucrânia a partir de vários pontos, nesta quinta-feira, informou o serviço de guardas de fronteira da Ucrânia. A ação ocorreu horas depois de Putin anunciar o início de uma operação militar. Pelo menos três soldados ucranianos morreram durante a invasão, informaram guardas de fronteira. Eles detalharam que as vítimas foram mortas na fronteira com a península anexada da Crimeia, no sul do país.

Mourão disse que o Brasil tem cumprido seu papel dentro na ONU (Organização das Nações Unidas), respeitando os princípios básicos do direito internacional, de não intervenção e para assegurar a soberania da Ucrânia. “Por enquanto, nós não temos nenhuma outra coisa a fazer além disso daí. Vamos ver o que vai emergir das reuniões do Conselho de Segurança da ONU, porque senão a ONU também perde sua razão de ser".

"Tem que haver o uso da força"

Mourão defendeu que haja uso da força para evitar avanço sobre o território da Ucrânia. Ele disse que simples sanções econômicas não surtirão efeito. "Vamos lembrar que o Iraque passou mais de 20 anos sob sanção econômica, nada mudou. O Irã está há não sei quanto tempo sob sanção econômica, também nada mudou."

O vice-presidente declarou que a invasão por parte de tropas russas à Ucrânia é parte de um plano de "expansão imperial" da Rússia e que o presidente Vladimir Putin não está interessado na paz. "O mundo ocidental está igual ficou em 1938, com Hitler, na base do apaziguamento. E o Putin, ele não respeita apaziguamento, essa é a realidade".

A comparação com a Alemanha de Adolf Hitler prosseguiu. Na visão de Mourão, se nada for feito, Putin vai querer invadir outros países do leste europeu, e os países ocidentais precisam tomar medidas mais enérgicas.

"Tem que haver o uso da força, realmente um apoio à Ucrânia, mais do que está sendo colocado. Essa é a minha visão. Se o mundo ocidental pura e simplesmente deixar que a Ucrânia caia por terra, o próximo vai ser a Moldávia, depois serão as nações bálticas, e assim sucessivamente, igual a Alemanha hitlerista fez no final dos anos 1930".

Mourão afirmou que a ação das tropas russas sobre a Ucrânia pode indicar uma ruptura no modelo de relações internacionais e colocar em risco a segurança de todo o mundo. Ele afirmou que o desrespeito à soberania do país invadido abre um precedente para novas intervenções de países mais poderosos sobre nações com menor poderio.

"O sistema internacional pode ser rachado, abalado, e nós vamos voltar para o tempo das cavernas, onde cada um faz o que quer e bem entende e não há respeito entre os povos, entre as nações. O conceito de soberania se dissolve a partir de um momento em que um estado mais forte julga que ele pode meter a mão no estado mais fraco e continuar tudo como dantes", declarou. 


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