Oficial soviético que pode ter evitado guerra nuclear morreu em maio

Oficial soviético que pode ter evitado guerra nuclear morreu em maio

Stanislav Petrov interpretou como falso alarme que anunciava ataque americano em 1983

AFP

Incidente, que permaneceu em sigilo por alguns anos, foi revelado apenas dois anos depois do fim da URSS em 1991

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Um oficial soviético que, em plena Guerra Fria, se negou a acreditar no sistema sistema de informática que anunciava um ataque de mísseis americanos contra a URSS e que talvez tenha evitado um conflito nuclear, faleceu aos 77 anos. Stanislav Petrov "morreu em 19 de maio em seu apartamento de Friazino", 20 km ao nordeste de Moscou, afirmou à AFP seu filho Dmitri.

Durante a noite de 25 de setembro de 1983, Stanislav Petrov, na época um oficial em uma base de alerta estratégica ao sul de Moscou, teve poucos segundos para interpretar o sinal de alarme dos satélites de vigilância que anunciavam o ataque de cinco ou seis mísseis americanos contra URSS. Mas Petrov considerou que, no caso de um ataque americano, este envolveria uma centena de mísseis e não cinco ou seis. Ele deduziu que era um erro dos sistemas de alerta. Desta maneira, indicou aos superiores que se tratava de um falso alerta e não de um ataque iminente.

Sua decisão talvez tenha permitido evitar uma resposta soviética e o início de um conflito nuclear mundial, em um momento de grande tensão entre Moscou e Washington. "Depois do incidente, ele permaneceu em sua unidade durante três dias. Voltou para casa completamente esgotado, mas não nos contou nada", recorda o filho, de 44 anos. M

Mais tarde, especialistas soviéticos concluíram que o falso alerta se devia a uma interpretação equivocada do reflexo dos raios solares nas nuvens, que o sistema confundiu com a energia que os mísseis desprendem ao decolar. Poucos meses depois do incidente, Stanislav recebeu uma condecoração por seus méritos prestados à Pátria nas Forças Armadas, sem nenhuma explicação, segundo Dmitri.

O incidente, que permaneceu em sigilo por alguns anos, foi revelado apenas dois anos depois do fim da URSS em 1991 pela revista Sovershenno Sekretno ("Top Secret"). "Quando a revista russa Kommersant Vlast voltou a mencionar a história em 1998, o Ocidente descobriu um herói", disse Dmitri. "Ele recebeu uma centena de cartas de agradecimento de todas as partes da Europa, mas nunca entendeu o motivo do alvoroço porque se limitou a fazer bem o seu trabalho", afirmou o filho.

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