Oito manifestantes mortos no dia mais violento da repressão em Mianmar

Oito manifestantes mortos no dia mais violento da repressão em Mianmar

País é cenário de uma onda de manifestações pró-democracia e de uma campanha de desobediência civil

AFP

País é cenário de uma onda de manifestações pró-democracia e de uma campanha de desobediência civil

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Oito manifestantes morreram e vários ficaram feridos, neste domingo, em Mianmar em ações das forças de segurança, que dispersaram de maneira violenta vários atos, no dia mais violento dos protestos contra o golpe de Estado militar de 1º de fevereiro.

O país é cenário de uma onda de manifestações pró-democracia e de uma campanha de desobediência civil desde o golpe de Estado militar que derrubou o governo civil liderado por Aung San Suu Kyi. Os protestos são reprimidos de forma cada vez mais violenta, com gás lacrimogêneo, jatos de água, balas de borracha e, em alguns casos, munição letal.

A ONU condenou a repressão em Mianmar e afirmou que recebeu informações confiáveis de que pelo menos 18 pessoas morreram nas manifestações. A AFP não conseguiu confirmar o balanço com fontes independentes.

"Condenamos com força a escalada da violência contra manifestantes em Mianmar e pedimos aos militares o fim imediato do uso da força contra manifestantes pacíficos", afirmou Ravina Shamdasani, porta-voz da Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, em um comunicado.

Neste domingo, três homens morreram em uma manifestação na cidade de Dawei, sul do país, onde 20 pessoas também foram feridas. As vítimas morreram depois que foram "atingidas por tiros de munição letal", disse à AFP Pyae Zaw Hein, um socorrista voluntário. Os feridos receberam impactos de balas de borracha, explicou, antes de alertar para a possibilidade de "mais vítimas porque continuamos recebendo feridos".

Outros dois jovens de 18 anos morreram na cidade de Bago, segundo as equipes de emergência. Os óbitos foram confirmados pela imprensa da localidade, que fica ao norte de Yangon.

Uma sexta pessoa faleceu em Yangon, informou no Facebook um ex-deputado do governo civil derrubado pelos militares, Nyi Nyi. A vítima era um jovem de 23 anos atingido por tiros. Em Mandalay, um médico informou à AFP que dois homens morreram depois que foram feridos a tiros.

O comandante da junta militar, general Min Aung Hlaing, afirmou que as autoridades usaram o mínimo de força para dispersar as manifestações.

Mas com as oito vítimas fatais de domingo, o balanço de manifestantes mortos desde 1º de fevereiro subiu para 13. O exército afirma que um policial morreu quando tentava dispersar um protesto.

Detenções

"A clara escalada do uso de força letal em várias cidades do país é escandalosa e inaceitável, e deve parar imediatamente", afirmou Phil Robertson, subdiretor da divisão Ásia na ONG Human Rights Watch.

Em Yangon, as forças de segurança dispersaram rapidamente um protesto neste domingo. "A polícia começou a atirar assim que chegamos. Não anunciaram mensagens de advertência", declarou à AFP Amy Kyaw, uma professora de 29 anos.

Centenas de pessoas foram detidas na capital econômica do país, segundo a polícia, e levadas para a prisão de Insein. As forças de segurança também atuaram contra a imprensa. Em Myityina (norte), um jornalista foi agredido e detido. Outro foi atingido por balas de borracha em uma cidade do centro do país. No sábado, três jornalistas foram detidos, incluindo um fotógrafo da agência americana Associated Press.

A polícia também prendeu socorristas que auxiliavam manifestantes feridos, segundo a HRW. Mais de 850 pessoas foram detidas, acusadas ou condenadas, por participação nas manifestações, segundo a ONG de ajuda aos presos políticos AAPP.

Mas o ritmo de detenções aumentou nos últimos dias, e somente no sábado o número chegou a 479.


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