ONU rejeita tentativa dos EUA de criticar Cuba e condena bloqueio
Assembleia Geral das Nações Unidas condenou embargo à ilha pelo 27º ano consecutivo
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As oito emendas apresentadas pelos Estados Unidos com um apelo a Cuba para pôr fim às restrições à liberdade de expressão e de reunião, à perseguição de dissidentes e pela libertação de prisioneiros políticos não reuniram o apoio necessário. Elas só foram apoiadas por Estados Unidos, Israel e Ucrânia e uma das Ilhas Marshall. Mais de 65 países, incluindo os da União Europeia, se abstiveram e mais de 110 recusaram.
O ministro cubano das Relações Exteriores, Bruno Rodríguez, descreveu-as como “um truque desonesto para criar confusão, abusar do tempo e produzir fadiga” em um longo discurso perante a Assembleia. “O governo dos Estados Unidos não tem a menor autoridade para criticar Cuba nem ninguém em matéria de direitos humanos”, disse o chanceler, afirmando que o bloqueio causa “incalculáveis danos humanos” a Cuba e representa “um genocídio”.
O governo cubano garante que desde que o presidente americano John F. Kennedy impôs o embargo a Cuba, em fevereiro de 1962, menos de um ano após Fidel Castro declarar o caráter socialista da revolução cubana, ele provocou prejuízos de mais de 134,499 bilhões de dólares no câmbio atual.
EUA: “Só perdedores”
Uma ruidosa salva de palmas tomou a imensa sala da assembleia após o voto contra o embargo. “Sempre me desconcerto quando escuto os aplausos nesta sala em momentos como este. Porque não há vencedores hoje. A ONU perdeu. Rejeitou a oportunidade de falar em nome dos direitos humanos”, lamentou a embaixadora americana diante da ONU, Nikki Haley. “A maioria dos cubanos perdeu. Foram abandonados mais uma vez aos caprichos brutais da ditadura de Castro. Foram abandonados pela ONU e pela maioria dos governos do mundo”, acrescentou.
Da Rússia, onde está nesta quinta-feira, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, comemorou a vitória. “Os Estados Unidos sofrem 10 derrotas em uma. Os povos do mundo votaram em Cuba porque sabem que nossa causa é realmente justa. Cuba respeita a si mesma. Fidel e Raúl pela Revolução e pelo povo cubano”, tuitou.
Haley afirmou que o voto anual para condenar o bloqueio contra Cuba “é uma perda de tempo”. “Nos 27 anos que temos esse debate, nada mudou em Cuba”, afirmou.
Em 2016, pela primeira e única vez, os Estados Unidos se abstiveram de votar contra a resolução em um contexto de aproximação bilateral do governo de Barack Obama em direção à ilha, após mais de meio século de inimizade entre Washington e Havana, que incluiu a reabertura de embaixadas em ambas as capitais em 2015.
Mas desde a chegada de Donald Trump à Casa Branca em 2017, as relações entre os dois países são tensas e as respectivas embaixadas funcionam ao mínimo. A ONU foi, assim, novamente palco das crescentes tensões entre Cuba e Estados Unidos.