Oposição e governo trocam denúncias ao final da eleição na Venezuela

Oposição e governo trocam denúncias ao final da eleição na Venezuela

Capriles afirma que urnas estavam recebendo votos após o fechamento

AFP

Oposição e governo trocam denúncias ao final da eleição na Venezuela

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Oposição e governo trocavam acusações na noite deste domingo, à espera dos resultados da eleição que apontará o sucessor de Hugo Chávez na presidência da Venezuela. "Alertamos o país e o mundo sobre a intenção de mudar a vontade expressada pelo povo" venezuelano, escreveu o candidato opositor Henrique Capriles no Twitter. "Exigimos da reitora Tibisay Lucena (do Conselho Nacional Eleitoral) o fechamento das seções eleitorais. Estão tratando de votar com as seções fechadas!" denunciou Capriles.

O secretário-executivo da coalizão opositora MUD, Ramón Guillermo Aveledo, advertiu o governo: "Sabemos perfeitamente o que ocorre e eles também sabem, de modo que o chefe da campanha governista tem consciência de que engana o povo".

O vice-presidente venezuelano, Jorge Arreaza, reagiu advertindo que Capriles e a oposição devem ter "muito cuidado" com as denúncias. "Vamos ter consciência e respeitar o povo, nossos filhos e filhas, nosso futuro".
"Se vocês têm algum tipo de denúncia, aqui há instituições, há o Conselho Nacional Eleitoral. Oxalá isto seja porque 'hackearam' a conta de Capriles como 'hackearam' a do presidente Nicolás Maduro", disse o vice-presidente.

O chefe da campanha "chavista", Jorge Rodríguez, qualificou a denúncia de Capriles de "provocação" e "expressão da permanente agressão contra a institucionalidade democrática venezuelana". Rodríguez convocou os eleitores para uma 'concentração' diante do Palácio Presidencial de Miraflores, onde os chavistas costumam comemorar suas vitórias, para ouvir Maduro após a divulgação dos resultados.

Mais cedo, Rodríguez havia denunciado um ataque de hackers "à conta do nosso presidente (interino), candidato da pátria e filho de Chávez, Nicolás Maduro, e à conta do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV). "A ação "é mais uma amostra do grande desespero (da oposição) e queremos fazer um apelo ao comando antichavista para que conserve a calma, que na democracia se ganha e não se perde", disse Rodríguez, atribuindo o ataque a "inescrupulosos e promotores da guerra suja elaborada a partir de Bogotá".

No sábado, Maduro denunciou uma "guerra suja que fazem a partir de Bogotá contra a paz na Venezuela, contra minha pessoa e contra o presidente". Ele acusou o assessor político venezuelano Juan José Rendón de dirigir um "grupo de guerra suja para envenenar o clima eleitoral e inocular ódio que provoque violência na Venezuela". J.J Rendón, como é mais conhecido, assessorou os presidentes venezuelanos Carlos Andrés Pérez e Rafael Caldera durante suas campanhas vitoriosas para as eleições de 1987 e 1993.

A troca de acusações ocorre ao final de uma jornada qualificada de "total tranquilidade" pelas autoridades eleitorais, após o início do fechamento das urnas, às 18h locais (19h30min de Brasília). "O processo eleitoral se desenrolou com total normalidade, com total tranquilidade", disse a funcionária do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) Sandra Oblitas, em entrevista coletiva minutos antes do fechamento das urnas.

No total, 19 milhões de venezuelanos estavam habilitados a votar neste domingo para eleger entre o 'chavista' Nicolás Maduro e o opositor Henrique Capriles o sucessor de Chávez, que permaneceu 14 anos no poder até ser derrotado por um câncer, em 5 de março passado.

Capriles votou no bairro de Las Mercedes em Caracas pedindo aos eleitores que denunciassem qualquer "atropelo" e garantindo que "os abusos" seriam derrotados com votos, em alusão as supostas irregularidades cometidas pelos governistas. Maduro votou no oeste de Caracas confiante na vitória do 'legado de Chávez' e prevendo um "recorde de participação".

Ele aguarda o resultado no "Quartel da Montanha", onde estão os restos mortais de Chávez. Os dois candidatos mantiveram um discurso mais agressivo e esse tom mais elevado evidenciou a divisão social que reina no país, alimentada nos últimos anos pelo discurso polarizador de Chávez, que traçou uma linha divisória entre ricos e pobres e decidiu que quem não estava com ele, estava contra ele.

Além da reconciliação nacional, o próximo presidente, que governará até 2019, enfrentará o desafio de uma economia totalmente dependente da renda petroleira e atingida pelo déficit público, a inflação, queda violenta da produção, a escassez generalizada e a seca de divisas, fora a insegurança que reina no país, com 16 mil homicídios em 2012, a maior taxa da América do Sul.

Cerca de 170 organizações internacionais acompanharam o processo eleitoral, entre elas o Centro Carter.
Os venezuelanos foram às urnas em massa para designar o novo presidente do país entre o chavista Nicolás Maduro e o opositor Henrique Capriles, 40 dias depois da morte de Hugo Chávez, cuja revolução dividiu profundamente o país.



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