Oposição venezuelana entra com ação para impugnar eleição de Maduro nesta quinta

Oposição venezuelana entra com ação para impugnar eleição de Maduro nesta quinta

Capriles prometeu esgotar todas as instâncias internacionais para provar irregularidades no pleito presidencial

AFP

Capriles prometeu esgotar todas as instâncias internacionais para provar irregularidades no pleito presidencial

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A oposição venezuelana entrará com processo, nesta quinta-feira, para impugnar no Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) os resultados das eleições presidenciais de 14 de abril, nas quais o presidente Nicolás Maduro venceu o líder opositor Henrique Capriles por uma vantagem apertada. Capriles fez o anúncio durante ato público realizado nesta quarta pelo Dia do Trabalho no leste de Caracas. O objetivo dos opositores é esgotar as instâncias internas e recorrer a organismos internacionais.

"Não nos resta dúvida alguma de que este caso vá parar na comunidade internacional. Este caso vai acabar percorrendo cada país onde houver democracia", enfatizou o governador do estado de Miranda, derrotado por Maduro por uma diferença de 1,49%. O prazo para apresentar a impugnação termina na segunda-feira. A oposição anunciou sua iniciativa depois de o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter anunciado uma auditoria dos resultados eleitorais, mas sem a revisão dos registros de votação, exigência importante da oposição para demonstrar supostas irregularidades.

Os opositores poderão recorrer à Corte Internacional de Direitos Humanos, da qual o governo venezuelano decidiu se retirar em setembro passado, mas que terá sua saída efetivada apenas no prazo de um ano. A oposição denunciou que alguns venezuelanos já mortos aparecem nos registros eleitorais. "Acomodaram a auditoria, uma auditoria mal feita", criticou Capriles, que acusa o CNE de estar a serviço do governo e chama Maduro de "presidente ilegítimo".

Duas marchas, duas Venezuelas


Capriles liderou uma manifestação opositora no leste de Caracas. Paralelamente a um ato chavista, um reflexo da divisão dos venezuelanos. "Estou na marcha pelo descontentamento que estamos vivendo no país, pelas eleições mal feitas. Sinto que meu voto foi roubado", destacou a funcionária da prefeitura da cidade de Chacao, Sara Clavico, de 60 anos.

Antes da passeata no oeste da capital, a funcionára do Ministério da Educação, Zoraida Castro, de 59 anos, culpou a oposição pelo ambiente de tensão no país. "O ambiente que vivemos no país é de ameaça das pessoas da direita. Há um ambiente tenso por causa de suas provocações, porque há um setor que não reconhece Maduro e um governo que o defende", disse.

Nos dias posteriores às eleições, protestos da oposição contra a eleição de Maduro deixaram nove mortos e dezenas de feridos. Em outro episódio violento registrado nesta terça, deputados chavistas e opositores trocaram socos durante uma sessão parlamentar, após os governistas aprovarem uma medida que nega a palavra à oposição por ignorar a eleição do presidente Nicolás Maduro.

"Não sou o único agredido, vários deputados apanharam e o responsável direto é o senhor Diosdado Cabello", presidente da Assembleia Nacional, "que exige nosso reconhecimento de Nicolás Maduro",  salientou o legislador Julio Borges mostrando o rosto sangrando ao canal Globovisión. Já a deputada chavista Odalis Monzón disse que foi "atacada pela bancada opositora" e agradeceu seus companheiros por "defendê-la", em declaração à TV da Assembleia Nacional.

Os vídeos divulgados por deputados opositores - o canal oficial da Assembleia suspendeu a transmissão ao vivo da sessão - mostraram os momentos da confusão. O deputado chavista Elvis Amoroso afirmou que a oposição não foi a uma reunião prevista para esta quarta para tentar o diálogo. "Estes senhores mentirosos não foram à reunião. Se eles não reconhecem nosso presidente constitucional não temos por que reconhecê-los, já que também foram eleitos pelo mesmo sistema de votação", disparou Amoroso.

Os Estados Unidos manifestaram nesta terça a sua preocupação com a briga na Assembleia Nacional venezuelana e pediram que todas as partes mantenham a calma. "A violência não tem lugar em um sistema representativo, democrático, e é particularmente inapropriada dentro da Assembleia Nacional (venezuelana)", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Patrick Ventrell.



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