Parlamentares britânicos pedem que Theresa May bloqueie extradição de Assange
Integrantes do Partido Trabalhista consideram que "pode haver perda de direitos humanos"
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Parlamentares do Partido Trabalhista Reino Unido, oposição ao governo conservador de Theresa May, pediram à primeira-ministra que bloqueie a extradição do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, para os Estados Unidos, onde ele pode pegar até cinco anos de prisão por uma acusação hackear e vazer informações secretas. Ele foi preso na quinta-feira, na embaixada do Equador em Londres. O líder da sigla, Jeremy Corbyn, twittou que Assange não deveria ser enviado à América, dizendo que ele havia exposto evidências de atrocidades militares dos EUA no Iraque e no Afeganistão. A secretária do partido, Diane Abbott, disse ao programa Today da BBC que "pode haver motivos de direitos humanos" para rejeitar o pedido.
The extradition of Julian Assange to the US for exposing evidence of atrocities in Iraq and Afghanistan should be opposed by the British government.pic.twitter.com/CxTUrOfkHt
— Jeremy Corbyn (@jeremycorbyn) April 11, 2019
Primeira negra a ser eleita para a Câmara dos Comuns, em 1987, ela citou como precedente o caso de Gary McKinnon, um britânico acusado de invadir computadores militares americanos entre 2001 e 2002. Depois de um longo processo legal, em 2012, May, na época Secretária de Estado para os Assuntos Internos, impediu que uma extradição ocorresse por sua condição médica; ele enfrentaria pena de até 70 anos de prisão. "O Sr. McKinnon é acusado de crimes graves. Mas também não há dúvida de que ele está gravemente doente. Ele tem síndrome de Asperger e sofre de doença depressiva. A extradição daria origem a um risco tão elevado de ele acabar com sua vida que uma decisão de extraditar seria incompatível com os direitos humanos do Sr. McKinnon", defendera a premiê na ocasião.
Diane afirmou que "Assange era um denunciante" e "eu acho que pode haver questões de direitos humanos relacionadas a ele". "Muitas das informações que ele trouxe para o domínio público, pode-se argumentar, eram de grande interesse público", disse. Ela acrescentou: "Todos nós sabemos do que se trata. Não são as acusações de estupro da Suécia. Se o governo sueco quiser apresentá-las novamente, acredito que Assange deveria enfrentar o sistema de justiça criminal, mas se você está falando sobre a tentativa americana de extradição, que é menos sobre a ameaça que ele representa para a segurança na América e mais sobre o embaraço das coisas que ele revelou sobre os serviços militares e de segurança americanos, nós diríamos... devemos bloquear a extradição".
May disse na quinta-feira que a prisão de Assange mostrou que "ninguém está acima da lei". Contudo, a Grã-Bretanha não vai extraditar o fundador do WikiLeaks se ele enfrentar a possibilidade de pena de morte, disse o vice-ministro das Relações Exteriores, Alan Duncan, depois que Assange foi preso. "É a nossa ampla política em todas as circunstâncias, por isso também se aplica a Julian Assange, que não será extraditado se for condenado à pena de morte", disse à emissora Sky News.
O governo dos EUA o acusou de "conspiração" por ter ajudado a ex-analista de Inteligência Chelsea Manning a acessar milhares de documentos de defesa confidenciais em 2010. Há sete anos, ele gozava de asilo na embaixada do Equador em Londres depois de quebrar a fiança para evitar a extradição para o país nórdico devido a alegações de agressão sexual, que foram retiradas. O status terminou de maneira brusca na quinta-feira, quando foi preso, e a polícia o tirou arrastado da missão diplomática. Depois, um tribunal o declarou culpado de ter violado sua liberdade condicional britânica em 2012, podendo ser condenado a um ano de prisão.