Partido espanhol Podemos elege nova secretária-geral e adota liderança dupla

Partido espanhol Podemos elege nova secretária-geral e adota liderança dupla

Ministra Ione Belarra venceu com 89% dos votos nas eleições primárias realizadas esta semana entre a militância

AFP

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Nova chefe e liderança dupla: o partido espanhol Podemos nomeou, neste domingo, a ministra Ione Belarra como sucessora de Pablo Iglesias, de quem herda seu círculo de confiança e uma companheira de viagem com quem vai dividir o poder.

Com 89% dos votos nas eleições primárias realizadas esta semana entre a militância, e contra dois rivais, Belarra é a nova secretária-geral do Podemos, o partido de esquerda radical que governa a Espanha em aliança com os socialistas. "O Podemos tem que crescer e continuar trabalhando em novos avanços", disse a ministra dos Direitos Sociais, que se apresentou com a promessa de fortalecer o partido após o declínio eleitoral dos últimos anos.

A mudança ocorreu durante um congresso presencial realizado neste fim de semana em Alcorcón, perto de Madri. Iglesias não compareceu, para mostrar simbolicamente que não quer exercer tutela. Belarra não estará sozinha à frente da formação, já que o objetivo nas próximas eleições legislativas, o mais tardar em janeiro de 2024, é apresentar Yolanda Díaz, ministra do Trabalho e vice-presidente do governo, como chefe da lista.

Uma nova bicefalia que "não está na cultura organizacional do Podemos", acostumado à hiper-liderança de Iglesias, e em cujo futuro influenciará "o fator pessoal daqueles que cercam Yolanda Díaz e Ione Belarra", prevê Paloma Román, professora de Ciências Políticas da Universidade Complutense de Madri.

Belarra, nascida em Pamplona há 33 anos, trabalhou como educadora na Cruz Vermelha e na Comissão Espanhola de Ajuda aos Refugiados (CEAR), e é membro do Podemos desde o seu início.

Sempre teve a máxima confiança de Iglesias, que liderava o partido desde sua fundação em 2014 sob a inspiração do movimento anti-austeridade Indignados.

Belarra foi secretária de Estado durante o período em que Iglesias foi vice-presidente do governo de coalizão, de janeiro de 2020 a março de 2021. E herdou a pasta de seu chefe quando ele decidiu deixar o Executivo e se candidatar às eleições regionais de Madri em 4 maio.

Um fiasco para a formação, que colheu o pior resultado no campo da esquerda e que levou Iglesias a abandonar a política. Belarra vai dividir a liderança do partido com Yolanda Díaz (50 anos), ex-advogada, militante comunista e filha de um destacado sindicalista galego.

As duas compartilham um feminismo combativo e um discurso contra a insegurança no trabalho, o mal endêmico da economia espanhola. Yolanda Díaz, a ministra mais poderosa do Podemos no governo de coalizão com o PSOE de Pedro Sánchez, acredita que agora "a legislatura está reiniciando", depois de mais de um ano de gestão da pandemia de coronavírus.

Em recente discurso aos deputados do Podemos, Díaz defendeu "gerar calma e tranquilidade" diante da "ansiedade" da "política do Twitter", onde o partido tradicionalmente tem sido muito beligerante.E pediu para olhar para trás, para as origens anti-austeridade da formação, para governar uma sociedade "que está sofrendo muito e está ressentida".


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