Príncipe Salman toma posse como novo rei da Arábia Saudita

Príncipe Salman toma posse como novo rei da Arábia Saudita

Meio irmão de Abdullah assumiu trono após morte do imperador

AFP

Meio irmão de Abdullah assumiu trono após morte do imperador

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O príncipe Salman, de 79 anos, se tornou nesta sexta-feira o novo monarca da Arábia Saudita, após a morte do rei Abdullah. Vítima de uma pneumonia, ele estava internado desde 31 de dezembro em Riad, e sua idade avançada e as muitas hospitalizações alimentavam os rumores sobre o futuro do reino saudita. "Seguiremos, com a força de Deus, no caminho reto que este Estado seguiu desde sua criação pelo rei Abdelaziz Ben Saud", afirmou o novo monarca em um discurso televisionado. Além disso, designou como segundo príncipe-herdeiro Mohamed Ben Nayef, até agora ministro do Interior, e nomeou como titular da Defesa um de seus filhos, Mohamed Ben Salman.

Os preços do petróleo cotado em Nova York registraram uma forte alta após o anúncio da morte de Abdullah. Nos últimos anos, a Arábia Saudita liderava a lista dos países que lutaram para manter ao nível atual da produção petrolífera dos países da Opep, sob o risco de acelerar a queda dos preços do petróleo (-50% desde junho). No entanto, em Davos, o economista chefe da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, disse que não espera uma mudança significativa da política energética do país.

Abdullah manteve a primeira potência petrolífera mundial a salvo das crises do mundo árabe, mas também frustrou as expectativas dos reformistas, sobretudo no que se refere ao papel das mulheres na sociedade. Caracterizado por seu espesso bigode e cavanhaque pretos, o monarca exercia uma forte influência na política regional.

Diante do crescente poder dos movimentos islamitas, a Arábia Saudita se converteu em um importante apoio de Abdel Fatah al-Sissi, atual presidente egípcio, após a deposição do islamita Mohamed Mursi. Também teve um papel chave no apoio à oposição do presidente sírio Bashar al-Assad, autorizando o treinamento de combatentes rebeldes em seu território a cargo do exército americano. O rei será enterrado ainda nesta sexta-feira após as orações da tarde e os sauditas foram convidados a prestar homenagem ao novo rei e ao príncipe-herdeiro no palácio real.

Repercussões

As reações à morte deste aliado de Washington e dos ocidentais na luta contra os jihadistas do Estado Islâmico e da Al-Qaeda não demoraram a chegar. O presidente Barack Obama se referiu a ele como um valioso amigo e como um líder sincero que deu passos valentes buscando o objetivo de conquistar a paz no Oriente Médio.

O presidente francês, François Hollande, prestou homenagem a um estadista com uma "visão de uma paz justa e estável no Oriente Médio". Já o ex-presidente israelense Shimon Peres declarou que sua morte era uma verdadeira perda para a paz na região, em referência à iniciativa de paz saudita de 2002 para Israel e Palestina, convertida em uma referência, segundo a Liga Árabe. Inclusive o Irã, um país xiita, apresentou suas condolências, apesar de anos de tensões.

O chefe da diplomacia do Irã, Mohamed Javad Zarif, assim como o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e o rei Abdullah da Jordânia participarão do funeral. Muitos sauditas deram seu último adeus ao monarca na internet, embora alguns, ativistas da liberdade de expressão e dos direitos das mulheres, tenham sido mais críticos. 

Em um país onde os meios de comunicação oficiais são fortemente controlados, a internet oferece um espaço de liberdade aos sauditas, embora a rede não esteja isenta de vigilância, como demonstra a recente prisão do blogueiro Raef Badaoui, condenado a 1 mil chibatadas e a dez anos de prisão por insultar o Islã. "Que Deus o perdoe e tenha piedade dele", retuitou a conta do blogueiro após a morte do soberano.

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