Premier britânica modifica lei para evitar revolta de eurocéticos durante Brexit

Premier britânica modifica lei para evitar revolta de eurocéticos durante Brexit

Movimento por novo referendo cresce em meio a desistências de parlamentares de ambos os lados

AFP

Movimento por novo referendo cresce em meio a desistências de parlamentares de ambos os lados

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A primeira-ministra britânica, Theresa May, conseguiu nesta segunda-feira que a Câmara dos Comuns aprovasse seu projeto de lei sobre o funcionamento da alfândega após o Brexit, mas teve que fazer concessões aos deputados eurocéticos de seu partido conservador.  O texto foi aprovado por 318 votos contra 285, e agora será analisado pela Câmara dos Lordes do Parlamento britânico.

O projeto prevê uma série de acordos técnicos para após a saída do Reino Unido da União Europeia (UE).  May aceitou a emendas promovidas pelo influente deputado ultraconservador Jacob Rees-Mogg, defensor de um Brexit sem concessões.  "Sempre me alegra escutar as preocupações dos meus colegas", disse a primeira-ministra aos deputados.

Mas ao atender aos eurocéticos o governo atraiu as críticas dos membros mais alinhados à UE, e o secretário da Defensa, Guto Bebb, pediu demissão na noite desta segunda-feira. Para pressionar a primeira-ministra, Jacob Rees-Mogg recordou que o governo conservador estava sob o risco de uma revolta, já que não tem maioria absoluta na Câmara dos Comuns. "A consequência inevitável da aritmética parlamentar é que o texto deve ser modificado", disse Jacob Rees-Mogg antes da votação.

No centro da questão está o "plano de Chequers", uma proposta do executivo britânico para conservar uma estreita relação comercial com o continente após o Brexit. Considerado como uma deformação do referendo de 23 de junho de 2016 pelos partidários do Brexit duro, este plano já provocou as demissões dos ministros de Relações Exteriores, Boris Johnson, e do Brexit, David Davis.

O sucessor de David, Dominic Raab, deve se reunir esta semana com o negociador da UE, Michel Barnier, para tentar retomar as discussões, bloqueadas pelo problema da fronteira irlandesa, que o "plano Chequers" teria de resolver, em teoria. Londres tem pouco tempo para defender sua proposta. Os negociadores precisam chegar a um acordo antes de outubro para permitir que os Parlamentos europeus e británico o ratifiquem antes da entrada em vigor do Brexit, prevista para 29 de março de 2019.

Enquanto o prazo aperta, cresce a ideia de se realizar um novo referendo sobre a saída da UE. A ex-ministra da Educação Justine Greening, que defende a permanência na UE, declarou ao Times que uma nova consulta seria "a única forma de abandonar" o atual "beco sem saída".  Este referendo ofereceria três opções aos britânicos: o plano negociado por May com Bruxelas, uma saída sem acordo com a UE ou a permanência no Bloco.  Segundo o Times, Justine Greening tem o apoio de outras figuras pró-UE do partido conservador, como a ex-ministra do Interior Amber Rudd e a ex-titular da Justiça Dominic Grieve.

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