Presidência libanesa nega ter recebido Carlos Ghosn

Presidência libanesa nega ter recebido Carlos Ghosn

Empresário escapou de prisão domiciliar e teria chegado a Beirute na segunda-feira

AFP

Ghosn está em Beirute após fuga de prisão domiciliar no Japão

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A presidência libanesa negou nesta quinta-feira as alegações de que o presidente Michel Aoun recebeu, em sua chegada no Líbano, Carlos Ghosn, ex-CEO da Renault-Nissan que fugiu do Japão, onde estava em prisão domiciliar. O empresário fugiu em condições misteriosas do país asiático, onde era processado por crimes financeiros. Ele chegou a Beirute na segunda-feira. A imprensa disse que o Ghosn, que tem nacionalidades libanesa, francesa e brasileira, foi recebido por Aoun, mas uma informação foi negada pela presidência. "Ele não foi recebido na presidência e não se encontrou com o presidente da República", disse uma autoridade. 

Suspeita-se que Ghosn tenha voado em um jato particular de Istambul para Beirute, onde entrou legalmente, de acordo com as autoridades locais, e encontrou sua família. Segundo um de seus advogados libaneses, Carlos Abou Jaoude, a data de uma coletiva de imprensa ainda não foi definida. As autoridades francesas disseram nesta quinta-feira que Ghosn, de 65 anos, não será extraditado se for à França. Ghosn teria entrado no Líbano com passaporte francês. 

Segundo o canal de televisão público japonês NHK, a justiça japonesa permitiu excepcionalmente que ele mantivesse seu segundo passaporte francês em um cofre, cuja chave estava na posse de seus advogados. As circunstâncias de sua saída do Japão permanecem incertas. Uma fonte próxima a Ghosn negou que ele fugiu escondido em uma caixa de instrumento musical, como noticiou um jornal libanês. Ghosn é alvo de quatro acusações no Japão: duas por renda diferida não declarada pela Nissan às autoridades financeiras e duas outras por quebra de confiança com agravante.

Preso em novembro de 2018, o magnata sempre negou as acusações, alegando ter fugido de um "sistema judicial japonês tendencioso". Foram abertas investigações no Japão e na Turquia sobre as circunstâncias de sua fuga. Alguns libaneses o veem como um símbolo de sucesso dentro da grande diáspora libanesa. Mas seu retorno ao Líbano, palco de um vasto movimento de protesto desde outubro contra uma classe política considerada corrupta, é visto pelos manifestantes como uma demonstração da impunidade e dos privilégios dos mais ricos.


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