O presidente do Equador, Daniel Noboa, saiu ileso de um ataque a tiros contra o veículo em que viajava nesta terça-feira (7) pelo sul do país. O incidente ocorreu em meio a protestos indígenas contra as políticas do seu governo, conforme informou a ministra de Meio Ambiente e Energia, Inés Manzano.
"Apareceram 500 pessoas e atiraram pedras [contra a comitiva]. Obviamente, também há marcas de tiro no carro do presidente", disse a ministra, ressaltando que Noboa não sofreu ferimentos. Vídeos divulgados pela Presidência mostram o interior de um dos veículos sendo atingido por objetos, com uma voz gritando "Abaixem a cabeça!". Imagens externas flagraram um grupo de manifestantes, alguns em trajes indígenas, lançando pedras e pedaços de pau contra a comitiva, que era seguida por um carro blindado.
Denúncia por tentativa de homicídio
Os veículos foram atacados enquanto se dirigiam à localidade andina de Cañar. Mais tarde, em um ato público em Cuenca, Noboa condenou veementemente o ocorrido. "Essas agressões não são aceitas no novo Equador. A lei se aplica a todos. Não vamos permitir que alguns vândalos nos impeçam de trabalhar por vocês", declarou o presidente.
O secretário da Organização dos Estados Americanos (OEA), Albert Ramdin, repudiou o ataque, classificando-o como um "atentado contra a democracia" e a estabilidade.
Manzano informou que o governo apresentou ao Ministério Público uma denúncia por tentativa de homicídio contra Noboa. Cinco pessoas foram detidas após o incidente e serão investigadas pelo crime de terrorismo, que pode resultar em até 30 anos de prisão. Contudo, o advogado e líder indígena Yaku Pérez afirmou à imprensa que os detidos alegam não ter participado do protesto, mas terem sido confundidos em meio ao tumulto, no qual forças públicas usaram gás lacrimogêneo.
Contexto dos protestos indígenas
O governo Noboa enfrenta uma onda de protestos desde 22 de setembro, liderados pela maior organização de povos indígenas do país, a Conaie. O principal motivo da mobilização é a rejeição à eliminação do subsídio ao diesel, que fez o preço do combustível subir de $1,80 para $2,80 por galão.