Presidente turco acusa Ocidente de apoiar "terrorismo"

Presidente turco acusa Ocidente de apoiar "terrorismo"

Erdogan culpou aliados ocidentais de Ancara por apoio a golpistas que tentaram derrubá-lo

AFP

Recep Tayyip Erdogan condenou aliados ocidentais de Ancara de apoiar golpistas que tentaram derrubá-lo

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O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, lançou o ataque mais virulento contra o Ocidente desde a tentativa de golpe de Estado de 15 de julho na Turquia, acusando os aliados ocidentais de Ancara de apoiar o terrorismo e os golpistas que tentaram derrubá-lo.

"Infelizmente, o Ocidente está apoiando o terrorismo e a favor dos golpistas", disse Erdogan em um discurso televisionado no palácio presidencial, em resposta às críticas dos Estados Unidos e da Europa sobre a magnitude dos expurgos após o levante. "Os que imaginamos nossos amigos estão a favor dos golpistas e dos terroristas", repetiu durante um fórum econômico organizado na sede da presidência.

Para o presidente turco, "este golpe de Estado não é apenas um evento planejado do interior. Os atores agiram no país seguindo um roteiro que havia sido escrito a partir do exterior". Erdogan acusa o pregador Fethullah Gulen, um ex-aliado que atualmente vive exilado nos Estados Unidos, de ser o cérebro do levante frustrado.

O chefe de Estado turco reagiu, em particular, contra a decisão das autoridades alemãs que o proibiram de se dirigir através de um vídeo aos seus partidários reunidos em Colônia (oeste da Alemanha) durante uma manifestação de apoio a Ancara. Além disso, criticou Berlim por permitir discursos por videoconferência de autoridades do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, rebeldes curdos), que combate o exército turco desde o fim do cessar-fogo, em julho de 2015.

Erdogan rejeitou as críticas dos europeus sobre as medidas tomadas após o golpe, sustentando que "o estado de emergência respeita os procedimentos europeus. "Olhem o que a França fez: três (meses) mais três, mais seis, declarou um ano de estado de emergência", lembrou.

Saúde

O expurgo lançado na Turquia após o golpe de Estado alcançou nesta terça-feira um dos últimos setores que pareciam ter se salvado, a saúde, com ordens de detenção contra 95 membros da equipe de um grande hospital militar de Ancara, incluindo médicos, anunciou um responsável turco.

A perseguição aos simpatizantes, reais ou imaginários, do pregador Fethullah Gülen é realizada de forma implacável há duas semanas e meia. Até então havia afetado em massa o exército, onde a metade dos generais foram destituídos, assim como a justiça, a educação e os meios de comunicação.

Nesta terça-feira, após uma operação policial, foram detidos meia centena de funcionários do GATA (Gulhane Military Medical Academy), entre eles médicos militares, anunciou a agência Anatolia citando fontes policiais. "Há elementos firmes que nos levam a pensar que os membros do FETO (termo que designa as redes de Gulen) estavam infiltrados nesta instituição para retardar a carreira de seus rivais no exército e permitir que seus simpatizantes subissem mais rápido", disse um responsável turco que não quis se identificar.

Por sua vez, o ministro do Comércio, Bülent Tüfenkci, ofereceu uma primeira estimativa do custo econômico do golpe que abalou o poder: cerca de 90 bilhões de euros. "Se levarmos em conta os aviões caça, os helicópteros, as armas, as bombas e os edifícios (danificados), são 300 bilhões de liras e talvez um pouco mais", disse o ministro de Comércio, Bulent Tüfenkci, ao jornal Hurriyet.

Refundação da inteligência

Tüfenkci acrescentou que seu ministério havia anulado "muitos pedidos do exterior" e vários turistas deixaram de visitar a Turquia, onde ao golpe de Estado se somam os atentados atribuídos a terroristas e à guerrilha curda. Diante dos graves erros cometidos pelo serviço de inteligência, Ancara pretende refundar este organismo, dividindo-o em dois: uma agência para a espionagem exterior e outra para a vigilância interna, segundo o Hurriyet.

De acordo com o jornal, a inteligência interna estaria sob supervisão da polícia e da gendarmaria, e a ação externa da presidência. 

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