Pressionada pelas ruas, novos deputados assumem reforma tributária na Colômbia

Pressionada pelas ruas, novos deputados assumem reforma tributária na Colômbia

Plano inicial apresentado em abril causou protesto que deixaram mais de 60 mortos em três meses

AFP

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A Colômbia recebeu nesta terça-feira (20) uma nova legislatura, grupo que deverá tramitar uma reforma tributária com objetivo de resgatar os cofres esvaziados pela pandemia, após o fracasso de uma iniciativa fiscal promovida pelo governo que gerou um violento surto social há quase três meses.

"Ouvimos as vozes nas ruas e elas devem alimentar os debates, mas vocês são chamados pela história a ser os porta-vozes de um país em plena transformação", disse o presidente Iván Duque ao Congresso durante a cerimônia de posse, realizada horas antes para evitar confrontos com manifestantes que participam de uma nova jornada de protesto contra o governo.

Assim como o parlamento, o conservador Duque entra no último ano de sua gestão, marcada por protestos massivos convocados por sindicatos, estudantes, indígenas e organizações sociais que exigem uma mudança de rumo.

No final de abril, um plano do governo para aumentar os impostos sobre a classe média em meio a uma pandemia causou um surto social sem precedentes que deixou mais de 60 mortos em quase três meses de protestos.

A iniciativa foi retirada e a legislatura que começa hoje tem como prioridade discutir um novo plano fiscal. O início das sessões legislativas coincide com a retomada dos protestos que pedem um Estado mais solidário diante dos estragos causados pela pandemia, que aumentou a pobreza de 37% para 42% na população de 50 milhões de habitantes.

Nessa versão, o governo renunciou aos pontos mais polêmicos da proposta inicial, como o aumento do ICMS de alguns produtos e da base de pessoas que pagam o imposto de renda.

Em vez disso, propõe desmontar algumas isenções que o próprio Duque introduziu em 2019, aumentando o imposto de renda sobre as empresas e uma sobretaxa de 3% ao setor financeiro para arrecadar 3,9 bilhões de dólares, uma redução significativa em relação aos 6,3 bilhões que aspirava arrecadar no início.

O processo da reforma é desconhecido em um parlamento onde o executivo não tem maiorias e que enfrenta eleições em março próximo.

A reforma da polícia, desacreditada por uma série de denúncias sobre excessos na repressão aos protestos, também estará na agenda legislativa. O governo já anunciou dois projetos que buscam mudar o sistema de promoção da instituição e seu regulamento disciplinar.

Essas iniciativas também serão acompanhadas de perto por manifestantes que exigem uma reforma profunda da polícia, incluindo o desmonte do esquadrão de choque, envolvido em vários abusos durante as mobilizações recentes.


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