Pressionado, Ministério do Meio Ambiente muda sua estrutura

Pressionado, Ministério do Meio Ambiente muda sua estrutura

Ministro Salles admitiu que transformações ocorrem por pressão de investidores internacionais

AE

Governo tenta mudar percepção internacional sobre desmatamento e negligências ambientais

publicidade

Pressionado a apresentar ações contra o desmatamento, o governo promoverá alterações na estrutura do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Três secretarias serão reestruturadas em uma tentativa de mostrar que temas como mudanças no clima, preservação de áreas protegidas e proteção da Amazônia são prioridades da pastas.

O ministro Ricardo Salles disse que a estrutura havia sido pensada durante a transição e, que após um ano e meio de governo, foi preciso alterar as prioridades da pasta. Ele admite que o novo organograma é resultado da pressão de investidores e entidades da área ambiental. "Percebemos que algumas áreas precisavam ser modificadas para responder algumas demandas que são importantes e nós entendemos que passam a ser prioridade do ministério. Fomos entendendo isso ao longo desse último um ano e meio a partir dos desafios que a gente vislumbra não só em relação à Amazônia, mas também com o tema ambiental em todo o território nacional", disse Salles.

A Secretaria de Relações Internacionais passa ser nomeada Secretaria de Clima e Relações Internacionais. Com isso, segundo Salles, a área passa a dar ênfase maior em intervenções para diminuir impactos ambientais, adaptação às mudanças climáticas e desertificação. "Todas essas ações com viés de ampliar o aspecto econômico. Precisa trazer dinheiro. O Brasil tem crédito, sobretudo, créditos florestais e aí temos mecanismos que agilizem isso."

A reestruturação também cria a Secretaria de Áreas Preservadas, em substituição à do Ecoturismo, que cuidará das 334 unidades de preservação do ICMBio. O órgão, que antes se resumia a um departamento, cuidará também das concessões de parques e englobará as ações voltadas para o turismo sustentável. "De um lado a preocupação ambiental, mas do outro agrega fatores econômicos para ter recursos para cuidar da área protegida."

A secretaria será responsável pelo projeto Adote Um Parque, que está sendo elaborado pela pasta, e propõe que cada empresa ou pessoa física possa ajudar a manter cada uma das 132 unidades de conservação federais na Amazônia. O valor de uma "adoção" foi fixado em 10 euros por hectare. Em troca, pelos termos ainda em discussão, o patrocinador usa a iniciativa como marketing, mas não pode explorar a área. Pelo projeto, o recurso seria aplicado em ações de fiscalização, brigada de incêndio, entre outros.

Já a Secretaria de Florestas passa a ser intitulada Amazônia e Serviços Ambientais, que junto com a área de Clima e Relações Internacionais buscará recursos em acordos internacionais e venda de carbono. Caberá ao setor a destinação das verbas na região dos nove Estados que compõem a Amazônia Legal. Criado há um mês, o Programa Floresta+, que prevê a remuneração para quem mantiver a conservação de áreas protegidas, será gerido por esta secretaria. "O projeto piloto é a Amazônia, mas a ideia é ampliar", disse Salles.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895