Protestos contra reforma previdenciária deixam 10 mortos na Nicarágua

Protestos contra reforma previdenciária deixam 10 mortos na Nicarágua

Presidente Daniel Ortega deve anunciar um apelo ao diálogo

AFP

Violentos protestos contra a reforma do sistema previdenciário na Nicarágua

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Os violentos protestos contra a reforma do sistema previdenciário deixaram ao menos dez mortos na Nicarágua, informou a vice-presidente Rosario Murillo. Segundo o dirigente, o governo está disposto a dialogar com os manifestantes sobre a proposta de aumentar as contribuições dos trabalhadores e patrões ao sistema estatal de aposentadorias, que provocou a onda de protestos durante a semana.

O presidente Daniel Ortega está "disposto a acolher o pedido da empresa privada e retomar esse diálogo aberto, franco e dar continuidade a esse modelo de consenso que, na Nicarágua, deu frutos", disse Murillo. Ortega deve anunciar neste sábado um apelo ao diálogo e discutirá todos os temas, inclusive o de segurança social. O governo aceitou a proposta do setor privado de dialogar para evitar que se prossiga com "o derramamento de sangue", afirmou Murillo.

Protestos

Os empresários reunidos no Conselho Superior da Empresa Privada (Cosep) anunciaram seu apoio aos protestos e a adesão à passeata convocada para a próxima segunda-feira. "Estamos convidando nossas empresas, empresários e trabalhadores para a passeata" de segunda-feira, disse o presidente do Cosep, José Aguerri, em entrevista coletiva. Aguerri exortou o governo a evitar o prosseguimento do "derramamento de sangue" e buscar o diálogo.

Estudantes enfrentaram nesta sexta-feira a polícia e levantaram barricadas em torno da Universidade de Engenharia. Partidários do governo agrediram manifestantes nos arredores da Catedral de Manágua, onde voluntários recolhiam alimentos para os estudantes em protesto e atendiam feridos. Outro grupo tentou atear fogo a uma das chamadas "árvores da vida", gigantescas estruturas metálicas e iluminadas que simbolizam o governo. Em outro ponto, a polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo contra jovens que ocupam desde a quinta-feira a Universidade Politécnica (Upoli).

Nas Colinas, ao sul da capital, manifestantes levantaram pequenas barricadas e com as mãos para o alto pediram aos policiais que não os reprimissem. Quatro canais de televisão independentes foram bloqueados nesta quinta-feira quando transmitissem as manifestações e nesta sexta-feira dois deles continuavam fora do ar. Moradores de alguns bairros da classe média de Manágua bateram panelas na noite de quinta-feira contra as reformas impulsionadas pelo governo.

A líder dos camponeses que se opõem ao projeto de canal interoceânico, Francisca Ramírez, anunciou que apoiarão os protestos popular, enquanto o governo preparava a mobilização de seus partidários para a tarde de sexta-feira. A organização de escritores Pen Nicaragua denunciou que pelo menos 11 jornalistas foram agredidos enquanto cobriam as manifestações.

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