Putin recebe os parabéns em seu aniversário de 70 anos

Putin recebe os parabéns em seu aniversário de 70 anos

Presidente recebe chuva de elogios, sem menções aos contratempos na Ucrânia e ao isolamento da Rússia

AFP

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Vladimir Putin comemora nesta sexta-feira seu 70º aniversário sob uma chuva de elogios de autoridades russas, com o patriarca ortodoxo chegando a vê-lo como um presente de Deus, apesar do isolamento da Rússia e os contratempos na Ucrânia. Coincidência do calendário ou não, hoje o Prêmio Nobel da Paz - em um tom resolutamente crítico ao sistema Putin, ao seu aliado bielorrusso e à ofensiva na Ucrânia - premiou o ativista bielorrusso preso Ales Beliatski, a ONG russa de direitos Humanos Memorial e o Centro ucraniano para as Liberdades Civis.

Na Rússia, a elite russa multiplicou declarações laudatórias sobre Putin, sem se referir às recentes derrotas militares russas na frente ucraniana ou ao crescente isolamento de Moscou, alvo de uma chuva de sanções. "Deus o colocou no poder para que possa cumprir uma missão de particular importância e de grande responsabilidade pelo destino do país e de seu povo", declarou o patriarca Kirill, pedindo orações pela saúde do presidente.

Ele saudou um "líder nacional, leal à sua pátria", enquanto Putin reivindicou na semana passada a anexação de quatro regiões ucranianas ocupadas pelo menos em parte por tropas russas. Kirill também desejou ao presidente russo, no poder há mais de 22 anos, "força física e moral por muitos anos". O patriarca, chefe dos ortodoxos russos desde 2009, colocou sua Igreja a serviço do poder de Vladimir Putin e já o havia descrito em 2012 como um "milagre".

Aniversário no trabalho

O principal aliado de Putin, o presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, deu de presente de aniversário um trator, do qual Minsk é um produtor respeitado, de acordo com seu canal não oficial do Telegram, Pool Pervogo. Putin sempre alternou estadias na taiga com seu ministro da Defesa, Serguei Shoigu, e reuniões de trabalho, sem comemorações públicas, na maioria das vezes indo a São Petersburgo (noroeste) para festejar seu aniversário.

É na antiga capital imperial que se reunirá esta tarde com os líderes dos países da Comunidade de Estados Independentes, organização que reúne vários países da ex-URSS, para uma "cúpula informal", segundo o Kremlin. Antes desta reunião, vários presidentes dos países da CEI enviaram mensagens de felicitações. O líder tadjique Emomali Rakhmon saudou um "líder forte e sábio", enquanto o presidente do Quirguistão, Sadyr Japarov, desejou-lhe "saúde e sucesso".

As autoridades russas também foram rápidas em parabenizar o mestre do Kremlin. O autoritário líder checheno Ramzan Kadyrov postou uma mensagem no Telegram elogiando o "líder de um povo" e "uma das personalidades mais influentes e destacadas dos tempos contemporâneos".

Kadyrov, próximo de Putin e acusado de múltiplos abusos na Chechênia, foi promovido ao posto de coronel-general na quarta-feira pelo presidente russo, no dia de seu próprio aniversário. O presidente da câmara baixa do Parlamento, Vyacheslav Volodin, publicou um retrato do presidente russo no Telegram, proclamando: "se há Putin, há a Rússia".

Os líderes dos territórios ucranianos anexados por Moscou também expressaram seus cumprimentos, com o separatista Denis Pushilin declarando sua "tremenda gratidão" pela ofensiva contra a Ucrânia.

Se as autoridades russas nunca criticam Vladimir Putin em princípio, recentemente surgiram sinais de descontentamento na elite russa por causa das derrotas na Ucrânia, sem questionar os méritos, segundo eles, da invasão. Ramzan Kadyrov criticou assim o comando militar após a perda de Lyman e um alto funcionário parlamentar pediu publicamente ao exército que "pare de mentir" sobre seus contratempos.

Vários oficiais e propagandistas também criticaram a forma caótica como a mobilização decretada por Vladimir Putin é realizada, sem, no entanto, atacar o chefe de Estado. Essa mobilização empurrou dezenas de milhares de russos para o exílio.


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