Questão ambiental não tem ideologia, afirma Mourão

Questão ambiental não tem ideologia, afirma Mourão

Vice-presidente criticou "ala radical" dos ambientalistas no Brasil

AE

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Sobre a pressão de fundos de investimento pelo combate ao desmatamento, o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, disse nesta sexta-feira que há "ruídos" e "desinformação" nas discussões sobre a Amazônia. "Questão ambiental não tem ideologia", frisou, cobrando "equilíbrio" nas críticas e destacando a existência de "uma ala radical" entre os ambientalistas. Ele também reconheceu que o acordo União Europeia-Mercosul tem uma série de ruídos. "Pretendemos desmistificar a europeus o que acontece no Brasil."

 

O vice-presidente defendeu a participação das empresas na defesa da Amazônia. "É fundamental que o setor privado trabalhe lado a lado", disse. A tarefa do governo, acrescentou, "é criar um ambiente de negócios estável, amigável, desregulando, desburocratizando", além de dar "segurança política" aos investidores.

E Mourão ainda afirmou que o governo trabalha para reprimir os crimes ambientais. "Toda empresa que não estiver obedecendo nossa legislação será multada. A Operação Verde Brasil já se pagou, em termos de multa aplicada."

 

Mourão negou haver atritos com o titular da pasta do Meio Ambiente, Ricardo Salles. "O ministro tem sido parceiro constante nessa atividade." Na última semana, houve uma divergência pública entre Mourão e Salles. O ministro afirmou que paralisaria 100% das ações de combate ao desmatamento, após a área econômica ter bloqueado R$ 60 milhões do orçamento do Ibama e do ICMBio. Mais tarde, porém, Mourão disse que houve "precipitação" de Salles e o governo decidiu liberar os recursos.

 

Ainda segundo Mourão, é preciso que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, aperfeiçoe suas ferramentas para monitorar o desmate. "O trabalho do Inpe não usa inteligência artificial." O monitoramento da perda de cobertura vegetal feita pelo instituto tem sido questionado por integrantes do governo Bolsonaro desde o ano passado. "Existe um desperdício de recursos dentro do governo", afirmou o vice, citando operações similares do Inpe e da Polícia Federal para monitorar imagens de desmate. Mourão defendeu ainda um sistema unificado que oferte os dados para todos os órgãos.

 

Procurada, a Polícia Federal disse não comentar declarações de autoridades. O Inpe também não se manifestou. Mourão afirmou também que os indígenas precisam de renda própria e não podem viver "de esmola" do Estado. A fala do vice-presidente está em sintonia com a de Jair Bolsonaro. Os dois são defensores da exploração das terras indígenas porque, segundo eles, os indígenas querem ter acesso à modernidade e não ficarem reféns das esmolas do poder público. "A gente tem de entender as ansiedades da comunidade indígena. Eles não podem continuar a viver segregados e afastados no século 21. Eles precisam ter a renda própria e não podem viver de esmola do Estado."

 

Em fevereiro deste ano, Bolsonaro assinou um projeto de lei que regulariza a mineração, produção de petróleo, gás e geração de energia elétrica em terras indígenas. Para Hamilton Mourão, essa exploração está alinhada à vontade de algumas tribos, apesar de ele reconhecer que outras comunidades não concordam com essa atividade.


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