Rússia anuncia eleições presidenciais para março de 2024

Rússia anuncia eleições presidenciais para março de 2024

Putin pode permanecer no poder até 2036

AFP

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O Conselho da Federação, a Câmara Alta do Parlamento da Rússia, decidiu nesta quinta-feira que as próximas eleições presidenciais no país acontecerão em 17 de março de 2024. Em uma reunião exibida ao vivo pela televisão pública, os senadores definiram a data por unanimidade, "uma decisão que praticamente inicia a campanha presidencial", afirmou a presidente do Conselho da Federação, Valentina Matvienko.

As eleições "serão uma espécie de culminação da reunificação" com a Rússia das regiões ucranianas de Luhansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, das quais Moscou anunciou a anexação, acrescentou. As eleições acontecerão pouco depois do segundo aniversário da invasão na Ucrânia, que começou em fevereiro de 2022 e provocou uma série de sanções sem precedentes contra a Rússia.

"Apesar das circunstâncias externas difíceis e das tentativas do inimigo de enfraquecer a Rússia, permanecemos fiéis aos nossos principais valores constitucionais e garantimos todos os direitos e liberdades dos cidadãos", declarou Matvienko. "Nossos cidadãos estão mais unidos do que nunca" com o governo do presidente Vladimir Putin. "O trabalho do Estado é mostrar-se digno desta confiança, impedir qualquer provocação", acrescentou.

Putin ainda não é oficialmente candidato para um novo mandato, mas a reforma constitucional de 2020 permite que ele concorra novamente. Ele pode permanecer no poder até 2036.

Moscou reivindicou em setembro de 2022 a anexação de quatro regiões ucranianas parcialmente ocupadas (Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia) e as eleições "serão uma espécie de culminação da reunificação", disse a presidente da Câmara Alta.

A votação também acontecerá na véspera do 10º aniversário da anexação da península ucraniana da Crimeia.

Depois de um ano de 2022 difícil marcado por reveses na frente de batalha e uma série de sanções ocidentais, a Rússia está em uma situação melhor devido ao fracasso da grande contraofensiva da Ucrânia no verão (hemisfério norte, inverno no Brasil), à redução do apoio dos Estados Unidos e da Europa a Kiev e ao reajuste economia nacional.

Quase todos os principais opositores de Putin, incluindo o ativista anticorrupção Alexei Navalny, foram presos ou forçados a seguir para o exílio. Além disso, qualquer critica à operação contra a Ucrânia é severamente punida nos tribunais.

"Apesar das circunstâncias externas difíceis e das tentativas do inimigo de enfraquecer a Rússia, permanecemos fiéis aos nossos principais valores constitucionais e garantimos todos os direitos e liberdades dos cidadãos", declarou Matvienko.

"Nossos cidadãos estão mais unidos do que nunca" com o governo do presidente Putin. "O trabalho do Estado é mostrar-se digno desta confiança, impedir qualquer provocação", acrescentou.

"O anúncio se aproxima"

No poder desde o ano 2000, Putin pode, em teste, permanecer no Kremlin até 2036 graças a uma polêmica reforma constitucional aprovada em 2020.

Embora não tenha anunciado oficialmente a candidatura, há poucas dúvidas sobre sua vontade de permanecer no poder por mais anos. O presidente russo afirmou em setembro que deixaria a decisão sobre o tema para "o final do ano".

O porta-voz, Dmitri Peskov, declarou em novembro que "o momento do anúncio se aproxima", mas destacou que Putin não tinha nenhum rival significativo.

A decisão pode ser anunciada na quinta-feira da próxima semana, na grande entrevista coletiva anual de Putin e em uma sessão de perguntas e respostas com os cidadãos.

"Nosso povo fará a única boa escolha possível (...) votando pela Rússia, pela vitória", declarou Valentina Matvienko.

A presidente da Comissão Eleitoral, Ella Pamfilova, que estava na votação do Conselho da Federação nesta quinta-feira, disse que as eleições acontecerão em um "ambiente tóxico" devido à "russofobia" do Ocidente e às "sanções absurdas".

O trabalho da imprensa durante as eleições será complicado após o endurecimento das condições de cobertura decretado pelas autoridades em novembro.

Os jornalistas independentes, blogueiros e os profissionais dos meios de comunicação russos que trabalham no exterior não terão acesso à votação nem à apuração dos votos.

As eleições também devem acontecer nas regiões ucranianas ocupadas pela Rússia, onde vigora atualmente a lei marcial.


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