Rússia diz ter achado cilindros de cloro alemão em Ghuta
Local foi reduto rebelde reconquistado pelo regime
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Salisbury é a cidade onde foram envenenados o ex-espião russo Serguei Skripal e sua filha Yulia, em 4 de março. Londres acusou Moscou de ser autor desse envenenamento, mas a Rússia de declarou inocente e denunciou o que chamou de provocação. Além disso, a Rússia denunciou nos últimos uma "encenação" dos rebeldes sírios no suposto ataque químico contra a localidade de Duma, em Ghuta Oriental, em 7 de abril, que deixou mais de 40 mortos.
Este ataque, imputado pelos países ocidentais ao regime sírio, provocou bombardeiros de represália por parte dos Estados Unidos, França e Reino Unido contra objetivos específicos na Síria. Na noite da última quarta-feira, a Rússia exibiu na televisão o que apresentou como o testemunho de um menino sírio que afirmava ter participado na encenação do ataque químico. Quase todos os meios de comunicação públicos russos comentaram a entrevista conduzida pela televisão pública Rossia 24.
O vídeo pode ser mostrado aos membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas durante a sua próxima reunião como evidência da "manipulação" ligada a este suposto ataque, de acordo com o embaixador russo nas Nações Unidas, Vasili Nebenzia. Na reportagem, intitulada "A encenação da guerra", Rossia 24 afirma que a criança, que é apresentada como Hassan Diab, de 11 anos, faz o papel de vítima de um ataque químico no vídeo, filmado, segundo a televisão, pelos Capacetes Brancos, as equipes de resgate em áreas rebeldes e que denunciaram o suposto ataque.
A AFP não pôde verificar as declarações de forma independente. A criança não diz nada sobre a possível presença de câmeras no lugar, mas um homem que Rossia 24 apresenta como seu pai, Omar Diab, diz que "os combatentes deram tâmaras, bolos e arroz para participar nas filmagens".
Inspecção em espera
Ainda na última quarta-feira, funcionários das Nações Unidas informaram que a ONU está negociando com as autoridades russas e sírias garantir a segurança dos especialistas que investigarão um suposto ataque. A missão dos especialistas da Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) foi colocada em espera, depois que, na última terça-feira, uma equipe de segurança da ONU foi alvo de disparos durante uma missão de reconhecimento em Duma.
Em um relatório enviado ao Conselho de Segurança da ONU ao qual a AFP teve acesso, o departamento de Segurança das Nações Unidas (UNDSS, na sigla em inglês) indica que espera chegar a um acordo para poder deslocar os especialistas da Opaq "o quanto antes". "A UNDSS está realizando em Damasco discussões e ações de coordenação com representantes da República Árabe Síria e da polícia militar russa para reforçar as condições de segurança em lugares específicos de Duma", destaca o relatório enviado aos membros do conselho.
A equipe da Opaq chegou a Damasco no último sábado, mesmo dia em que França, Estados Unidos e Reino Unido bombardearam supostas instalações com armas químicas na Síria.