Reino Unido pode ter referendo para decidir se sai da UE

Reino Unido pode ter referendo para decidir se sai da UE

Governo britânico apresentará leis para convocação

AFP

David Cameron confirma referendo sobre UE no discurso da rainha

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O governo britânico conservador de David Cameron anunciou oficialmente nesta quarta-feira, no tradicional discurso anual da rainha no Parlamento, a apresentação da lei para realizar um referendo de saída da União Europeia (UE). "Serão apresentadas leis para convocar um referendo de permanência na União Europeia até o fim de 2017", disse Elizabeth II no discurso que marca o início do período parlamentar.

O texto de lei será publicado nesta quinta-feira e a Câmara dos Comuns pode começar a debatê-lo no próximo mês, deixando a porta aberta para uma votação a partir do próximo ano. O primeiro-ministro conservador David Cameron quer recuperar poderes cedidos à UE e, se conseguir isso, defenderá que o país siga na união. "O governo renegociará a relação do Reino Unido com a União Europeia e buscará a reforma" do bloco, disse Elizabeth II. 

Cercada de pompa, a rainha, com coroa e sentada no trono da Câmara dos Lordes, lê uma vez ao ano este discurso preparado pelo governo no qual são esboçados os principais planos para o período. Neste caso, o discurso chegou após as eleições de 7 de maio, que os conservadores venceram com maioria absoluta. "Temos um mandato do povo britânico e um programa detalhado a aplicar", disse Cameron em um comunicado.  "Colocaremos mãos à obra sem perder um minuto", prometeu o primeiro-ministro, que tomará a palavra depois do discurso. Se no governo anterior a principal medida foi um imposto de cinco pence por cada saco plástico, neste, com Cameron livre das amarras de governar em coalizão com os liberais, foram apresentadas medidas mais profundas.

Como, por exemplo, o congelamento por lei dos impostos, apesar do objetivo governamental de economizar 12 bilhões de libras anuais (16,9 bilhões de euros, 18 bilhões de dólares), ou a cessão de amplos poderes às regiões, Escócia, Gales e Irlanda do Norte. Além disso, a monarca confirmou que o presidente chinês, Xi Jinping, e sua esposa realizarão uma visita de Estado, a de mais alto nível na escala oficial ao Reino Unido em outubro.

Tradições ancestrais 

A tradição do discurso da rainha remonta a 1536 e está cercada de um grande protocolo. O emissário da rainha que tem como tarefa buscar os deputados para o discurso tem a porta fechada diante de seu rosto para simbolizar a determinação dos parlamentares em manter sua independência. Além disso, durante o discurso um deputado permanece refém no palácio de Buckingham, para garantir que a soberana, de 89 anos, volte sã e salva. 

Elizabeth II percorre a distância entre o Parlamento e o Palácio de Buckingham em uma carruagem dourada e pronuncia o discurso no trono da Câmara dos Lordes, ao lado de seu marido, Philip de Edimburgo. O discurso concluiu como manda a tradição, com uma invocação divina: "rezo para que a bênção de Deus todo-poderoso presida suas deliberações". O desta quarta-feira foi o 62º discurso parlamentar de Elizabeth II.

Protestos contra austeridade

Espera-se que milhares de pessoas se manifestem no centro de Londres após o discurso contra os cortes orçamentários. "Já sofremos a austeridade durante muito tempo. Criou a maior queda na qualidade de vida para a maioria da população desde que há registros, enquanto os mais ricos dobravam sua fortuna", disse Said Sam Fairbairn, um dos organizadores.

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