Repórter delator de grampos sofria de problemas de saúde

Repórter delator de grampos sofria de problemas de saúde

Sean Hoare foi encontrado morto após denunciar escutas ilegais do tabloide News of the World

AFP

publicidade

Os jornais britânicos abriram as primeiras páginas desta terça-feira com a imagem de um homem nervoso fumando um cigarro: trata-se da foto de Sean Hoare, o ex-jornalista que delatou o caso das escutas ilegais do tabloide News of the World, encontrado morto na segunda-feira, em casa.

A polícia britânica, entretanto, apressou-se em declarar que a morte não é considerada suspeita. O corpo do jornalista seria necropsiado nesta terça-feira. Segundo informações divulgadas, o ex-repórter de 47 anos estava mau de saúde e, em 2005, foi demitido do News of The World por problemas com o álcool e com as drogas.

Nas fotos publicadas pela imprensa nesta terça, ele sempre é visto com um cigarro. "Era um tipo muito simpático, sempre disposto a ajudar. Mas as drogas e o álcool causaram muitos danos e nós o vimos se afundar diante de nossos olhos", comentou um dos colegas. O corpo foi descoberto na segunda-feira de manhã, em plena tormenta ocasionada pelo escândalo das escutas ilegais do principal jornal de Rupert Murdoch no país.

Delação

Hoare, que cobria o mundo da indústria do entretenimento, era, segundo o Daily Telegraph, "o arquétipo do repórter do News of the World". Era também um dos artífices do fechamento do jornal de Murdoch ao delatar o escândalo dos grampos.

A imprensa britânica recorda que Hoare foi o grande "acusador", que denunciou no ano passado que as escutas eram uma prática endêmica na redação do jornal. "As pessoas tinham medo", explicou em uma entrevista à BBC em março. "Quando havia uma história, era preciso consegui-la de qualquer maneira. Essa é a cultura da News International", a divisão que agrupa os jornais britânicos da News Corp., o grupo de Murdoch.

Hoare, que trabalhou no Sun, outro tabloide do grupo, acusou Andy Coulson, redator-chefe no News of the World e chefe de comunicação do atual primeiro-ministro David Cameron. O falecido repórter disse que Coulson estava "perfeitamente a par" do que se fazia no jornal. "Dizer o contrário é pura mentira", insistiu. Coulson, que se demitiu como chefe de comunicação de Cameron, negou as acusações.

Depois das declarações, Hoare foi interrogado pela polícia, mas se negou a fazer comentários, segundo os investigadores. Há uma semana voltou a atacar, declarando ao New York Times que vários jornalistas pagaram à polícia para obter informações. Um dos vizinhos dele contou, sob anonimato, que o ex-repórter parecia piorar nos últimos meses e que dava sinais de sofrer de paranoia. "Ele disse que tinha problemas e que temia que fossem atrás dele", contou.

Bookmark and Share

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895