Romênia decide seu futuro na UE e na Otan no segundo turno das eleições presidenciais

Romênia decide seu futuro na UE e na Otan no segundo turno das eleições presidenciais

Estados Unidos alertaram para "graves impactos negativos" em caso de distanciamento do país do Ocidente

AFP
Romênia vota no domingo no segundo turno das eleições presidenciais

Romênia vota no domingo no segundo turno das eleições presidenciais

publicidade

A Romênia vota no domingo (8) no segundo turno das eleições presidenciais, em que um candidato pró-Rússia de extrema direita é o favorito e cujo resultado é fundamental para o futuro do país na União Europeia (UE) e na Otan.

Os Estados Unidos alertaram para "graves impactos negativos" em caso de distanciamento do país do Ocidente. Desde o início da guerra na vizinha Ucrânia, a Romênia se tornou um pilar fundamental da Otan, com mais de 5.000 soldados e um sistema antimísseis em seu território.

O candidato nacionalista Calin Georgescu, um ex-funcionário público de 62 anos, venceu o primeiro turno em 24 de novembro e enfrentará no segundo turno a prefeita de centro-direita de uma pequena cidade, Elena Lasconi.

Uma vitória de Georgescu colocaria o país do leste europeu no bloco de extrema direita da UE e prejudicaria a unidade em relação à Rússia, acusada de interferir no primeiro turno.

"O resultado do segundo turno das eleições presidenciais é visto como um referendo sobre a futura orientação da política externa do país", disse à AFP Marius Ghincea, analista político da ETH Zurich.

Veja Também

"Batalha existencial"

Em uma tentativa de reverter as pesquisas, que a mostram vários pontos atrás de seu rival, Lasconi, uma ex-jornalista de 52 anos, se apresenta como a garantidora de uma postura pró-Europa no país de 19 milhões de habitantes.

Trata-se de uma "batalha existencial", disse. "Um confronto" entre aqueles que querem "preservar a jovem democracia romena" nascida na revolução de 1989 e aqueles que querem "retornar à esfera de influência russa".

A candidata tem o apoio dos liberais e do primeiro-ministro em fim de mandato, o social-democrata Marcel Ciolacu, que ficou em terceiro lugar, por uma diferença de apenas mil votos, no primeiro turno.

Seu rival, que já elogiou o presidente russo, Vladimir Putin, agora evita perguntas sobre sua possível posição pró-Moscou.

Crítico da UE e da Otan, ele diz que não está pensando em deixar nenhuma das organizações, mas quer colocar a Romênia "no mapa mundial".Assim como seu ídolo, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, Georgescu se opõe ao fornecimento de ajuda militar à Ucrânia.

Em um dos países mais pobres da UE, seu discurso repleto de misticismo se tornou um sucesso nas redes sociais, especialmente no TikTok, onde seus vídeos têm milhões de visualizações.

Se hoje a Romênia é "um país confiável e previsível alinhado com o Ocidente liberal", uma vitória de Georgescu "alinharia o país com a Hungria e a Eslováquia, que buscam limitar a influência supranacional da União Europeia", considera Ghincea.

Moscou denuncia "histeria anti-Rússia"

A eleição foi marcada pela controvérsia sobre a possível interferência russa e o suposto "tratamento preferencial" de Georgescu no TikTok, segundo as autoridades.

A Comissão Europeia anunciou na quinta-feira que intensificou o monitoramento do TikTok devido ao caso romeno, mas a rede social afirma que não há "nenhuma evidência de uma campanha coordenada em sua plataforma".

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia denunciou na quinta-feira um "surto de histeria anti-Rússia".

O presidente na Romênia desempenha um papel essencialmente protocolar, mas exerce autoridade moral e influência sobre a política externa do país.Ele também desempenha um papel fundamental na formação do governo, uma tarefa que parece ser complicada após o Parlamento fragmentado sem maiorias claras que emergiu das eleições legislativas do domingo passado.

Nas eleições, o partido social-democrata permaneceu como a principal força, mas a extrema direita obteve um terço dos votos em um forte avanço alimentado pelo mal-estar econômico.

Quatro partidos pró-Europa, que teriam maioria absoluta no Parlamento, assinaram um acordo na quarta-feira para formar um futuro governo de "união nacional" e conclamaram os cidadãos a rejeitar "o isolacionismo, o extremismo e o populismo" nas urnas no domingo.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895