Ruanda exumou desde abril 18 mil corpos de genocídio em 1994
Corpos de vítimas do massacre foram encontrados em zonas residenciais do país
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Durante este período, foram descobertas 41 valas comuns na zona da capital, Kigali, distribuídas nos distritos de Rusororo e Gasabo. "Na cidade de Kabeza, do setor de Rusororo, foram demolidas três casas depois das pistas recebidas. Encontramos vinte valas comuns sobre as quais as casas tinham sido construídas. Debaixo de uma, havia oito fossas, enquanto as outras estavam sobre sete e cinco, respectivamente", revelou Kabagambire.
Segundo as informações recebidas, a Ibuka esperava encontrar entre 15 mil e 25 mil vítimas. "Todas as pessoas que nos deram informações sobre a existência das valas comuns tinham razão, menos uma", apontou o dirigente da associação. Se não for possível arrumar um local para a realização de um funeral apropriado aos mortos, a Ibuka planeja fazera a cerimônia durante as comemorações do 25° aniversário do genocídio, que serão realizadas no ano que vem.
A descoberta dos milhares de corpos, segundo a instituição, é um "revés" para as iniciativas que buscavam unir os ruandeses, já que, apesar das fossas terem sido encontradas em zonas residenciais, os moradores não revelaram a informação durante 24 anos.
Kigali e os bairros periféricos foram alguns dos palcos mais sangrentos do genocídio, pois destacaram-se como uma das últimas fortificações das milícias hutus antes que as forças da Frente Patriótica Ruandesa entrassem para libertar as zonas.
O massacre de 1994 supôs o extermínio de entre 20% e 40% da população de Ruanda, então o país mais densamente habitado da África, com sete milhões de habitantes. 70% das vítimas mortais foram tutsis, assassinados por extremistas hutus após a morte do presidente ruandês, Juvenal Habyarimana, quando o avião no qual viajava foi derrubado em 6 de abril do mesmo ano pouco antes dele aterrissar no aeroporto de Kigali.
O assassinato de Habyarimana (da etnia hutu, majoritária em Ruanda), morto junto ao presidente de Burundi, Cyprien Ntaryamira, que o acompanhava, foi caracterizado como massacre coletivo iniciado por hutus radicais e ainda hoje continua sendo um mistério.