Sindicatos paralisam a Argentina contra ajustes e acordo com o FMI
Ministro do Trabalho tenta negociar salário base com trabalhadores para retomar diálogo
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Com um mal-estar crescente pela situação econômica, que levou o governo a fazer um acordo com o FMI, esta será a oportunidade para medir a capacidade de resistência sindical. "A greve é contra o programa econômico, para que se abandone esta linha de ajuste permanente. O FMI sempre trouxe penúrias aos argentinos", disse à AFP Juan Carlos Schmid, dirigente da CGT.
Como proposta concreta, os sindicatos desejam o reinício das negociações de ajustes salariais deste ano, para um alinhamento com a projeção de inflação, calculada agora pelo Banco Central em 27%. As negociações que aconteceram em sua maioria no início do ano utilizaram como referência a meta de inflação anual de 15%. Para tentar retomar o diálogo com os sindicatos, o ministro do Trabalho, Jorge Triaca, afirmou desejar que as negociações salariais aconteçam livremente. "O governo está em uma conjuntura muito difícil, se encontra no menor índice de popularidade e enfrenta um forte questionamento do setor assalariado", afirmou à AFP o cientista político Diego Reynoso, da Universidade de San Andrés, em Buenos Aires.
O desemprego chegou a 9,1% no primeiro trimestre do ano, contra 7,2% no último trimestre de 2017. Para enfrentar uma corrida cambial que começou no fim de abril e que provocou uma desvalorização da moeda de quase 35% no decorrer do ano, o FMI concedeu à Argentina um crédito stand by de 50 bilhões de dólares, o maior já estabelecido por este organismo.
O crédito tem vigência de três anos e, em troca, a Argentina se compromete a reduzir a zero em 2020 seu déficit fiscal, que no ano passado foi de 3,9% do PIB. Para isto é necessário interromper as obras públicas, reduzir o tamanho do Estado e limitar as transferências às províncias. Como previsão, o acordo contém uma cláusula que permite ao Estado elevar o gasto em projetos sociais no caso de aumento da pobreza, que em 2017 atingiu 25%. nn/ls/cd/fp