Sul-coreanos vão à Coreia do Norte visitar familiares
Caravanas de idosos e acompanhantes foram autorizadas novamente com evolução nas conversas diplomáticas
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Esta nova série de reuniões de famílias divididas, a primeira em três anos, é possível apenas pela distensão registrada na península desde o início do ano. Os primeiros encontros acontecerão na localidade turística do Monte Kumgang.
A Guerra da Coreia separou milhões de pessoas. Lee Keum-seom, de 92 anos, é uma delas e, desde então, não viu seu filho, agora com 71 anos. Durante a fuga, perdeu seu marido e seu filho de quatro anos. Partiu em um ferry para o Sul com sua filha, que a acompanhará na segunda-feira para vê-lo. "Não sei o que sinto, se é positivo, ou negativo", diz Lee. "Não sei se é real, ou um sonho", completou.
No Sul, ela voltou a se casar e criou sete crianças, mas nunca deixou de se preocupar com aquele filho. "Onde viveu? Com quem? Quem o educou? Tinha apenas quatro anos", relembra.
A Guerra da Coreia acabou com um armistício, sem a assinatura de um tratado de paz, pelo qual Norte e Sul ainda estão tecnicamente em estado de guerra, e as comunicações civis estão proibidas. Desde 2000, os dois países organizaram 20 séries de reuniões de famílias divididas, geralmente graças à melhoria das relações bilaterais. Mas o tempo está contado, devido à idade dos sobreviventes.
Um total de 130 mil sul-coreanos se apresentou como candidatos a essas reuniões, mas a grande maioria morreu, e muitos estão com mais de 80 anos, um deles, inclusive, com 101. No último momento, alguns cancelaram a viagem por motivos de saúde. Neste domingo, eram 89, acompanhados de familiares em Sokcho, onde passaram a noite antes de viajar ao Norte.
Lee Keum-seom é uma das poucas que verá um filho. Alguns sul-coreanos escolhidos aleatoriamente para a reunião deste ao ano desistiram ao saber que seu pai, mãe, irmão, ou irmã do outro lado da fronteira havia falecido e conheceriam somente parentes distantes.
Lee Kwan-joo, de 93 anos, é uma exceção. Quer conhecer sobrinhos para ter ideia da vida que seus pais e seus seis irmãos levaram no Norte antes de morrerem. Em 1945, Lee foi enviada para uma escola no Sul, e a guerra selou a separação para sempre. "Fico feliz de saber que poderei conhecer meu sobrinho e minha sobrinha, embora eu sequer tenha visto seus rostos", declara. "Quero apenas perguntar como morreram meus irmãos, irmãs e pais", acrescentou.