Suposto balão-espião eleva tensão entre EUA e China

Suposto balão-espião eleva tensão entre EUA e China

Decisão foi tomada apesar de a China insistir que o balão era um satélite de pesquisa meteorológica

AE

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O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, adiou uma viagem diplomática para a China, enquanto o governo americano avalia uma resposta à descoberta de um balão chinês de alta altitude sobrevoando o Estado de Montana, em locais que abrigam cerca de 150 silos de mísseis balísticos intercontinentais.

A decisão foi tomada apesar de a China insistir que o balão era um satélite de pesquisa meteorológica que havia saído do curso por causa de fortes ventos. Os EUA descreveram o balão como um satélite de vigilância.

Blinken cancelou a viagem poucas horas antes de partir, em um novo golpe nas já tensas relações EUA-China. Ele e o presidente Joe Biden determinaram que era melhor não prosseguir com a viagem - muito em função das pressões políticas de republicanos e democratas após a descoberta do suposto balão espião.

As tão esperadas reuniões de Blinken com funcionários chineses de alto escalão foram vistas em ambos os países como uma forma de reduzir as divergências sobre Taiwan, direitos humanos, reivindicações no Mar do Sul da China, Coreia do Norte, guerra na Ucrânia, política comercial e mudanças climáticas.

Apesar de o Pentágono ter indicado que o balão não tinha potencial para adquirir dados de inteligência, a reação destacou como as relações com Pequim se tornaram frágeis. O secretário de Defesa, Lloyd Austin III, realizou uma reunião online com funcionários de alto escalão de seu departamento durante viagem às Filipinas, e Biden "pediu opções militares", segundo o Pentágono.

REPERCUSSÃO

O anúncio de que um suposto balão espião da China estaria sobrevoando o território americano teve ampla repercussão em Washington, onde parlamentares republicanos cobraram Biden por uma posição mais rigorosa.

Inicialmente, a chancelaria chinesa afirmou não ter informações sobre o ocorrido, mas ontem declarou que o balão era uma aeronave civil usada em pesquisas meteorológicas, que tinha "desviado de seu trajeto" em razão dos ventos. O comunicado lamenta a entrada do objeto no espaço aéreo dos EUA.

Por sua vez, Ministério de Defesa do Canadá afirmou que também havia detectado um balão espião e o monitorava para checar se ele representava um "segundo incidente".

‘GUERRA’

O momento já era de tensão entre Washington e Pequim, com o vazamento de um memorando dos EUA, na semana passada, em que um general previa uma guerra entre as duas potências em 2025.

Funcionários do Pentágono se recusaram a divulgar muitos detalhes sobre o balão, incluindo seu tamanho e características, tornando mais difícil para especialistas avaliar sua intenção e valor militar.

Drew Thompson, ex-funcionário do Pentágono, pesquisador na Escola Lee Kuan Yew de Políticas Públicas da Universidade Nacional de Cingapura, disse que o momento para a polêmica do balão foi, no mínimo, desajeitada.

"Esta missão de vigilância de balão realmente demonstra que, mesmo quando Xi Jinping está tentando melhorar o tom do relacionamento, não há interesse real da parte de Pequim em alterar seu comportamento de forma que contribua para melhorar o relacionamento."

Ao jornal britânico The Guardian, John Blaxland, professor de segurança internacional na Australian National University, disse achar improvável que os chineses não esperassem ser pegos.

"Ser pego, provavelmente, era o objetivo, com dois resultados em mente. Primeiro, constranger os EUA. Ainda melhor se capturasse alguma inteligência ao longo do caminho", disse.


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