Talibã anuncia gabinete interino no Afeganistão dominado pela velha guarda

Talibã anuncia gabinete interino no Afeganistão dominado pela velha guarda

Até agora, o Talibã não há indicações de que haverá eleições

AE

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O Talibã anunciou nesta terça-feira, 7, um gabinete interino dominado pela velha guarda da milícia, dando cargos importantes a personalidades que protagonizaram a batalha de 20 anos contra a coalizão liderada pelos EUA e seus aliados do governo afegão. O primeiro-ministro interino, Mullah Hasan Akhund, chefiou o governo do Talibã em Cabul durante os últimos anos do grupo no poder. Mullah Abdul Ghani Baradar, que liderou as negociações com os EUA e assinou o acordo que levou à retirada final dos norte-americanos do Afeganistão, será um dos dois vices de Akhund.

Não há evidências de que nomes não ligados ao Talibã farão parte do gabinete, uma grande demanda da comunidade internacional. O porta-voz, Zabihullah Mujahid, ao fazer o anúncio disse que as nomeações eram para um governo interino. Ele não entrou em detalhes sobre por quanto tempo eles serviriam e qual seria o catalisador para uma mudança.

Até agora, o Talibã não deu indicações de que realizará eleições. O anúncio das nomeações para o gabinete por Mujahid veio horas depois de o grupo disparar para o ar para dispersar manifestantes e prender vários jornalistas.

Pela segunda vez em menos de uma semana, o grupo usou táticas violentas para interromper uma manifestação na capital afegã, Cabul. Os manifestantes se reuniram em frente à Embaixada do Paquistão para acusar Islamabad de ajudar no ataque à Província de Panjshir.

O grupo disse na segunda-feira que tomou a província - a última que não está sob seu controle, mas os combatentes que resistem na região negaram.

O governo anterior do Afeganistão costumava acusar o Paquistão de ajudar o Talibã, uma acusação que Islamabad negou. O ex-vice-presidente Amrullah Saleh, um dos líderes das forças anti-Talibã, há muito é um crítico ferrenho do vizinho Paquistão.

Dezenas de mulheres estavam entre os manifestantes nesta terça-feira. Algumas delas carregavam cartazes lamentando a morte de seus filhos por combatentes do Taleban que, segundo elas, foram ajudadas pelo Paquistão. Um cartaz dizia: "Eu sou uma mãe. Quando você mata meu filho, você mata uma parte de mim".

No sábado, as tropas das forças especiais do Talibã em camuflagem dispararam suas armas para o ar para encerrar uma marcha de protesto na capital por mulheres afegãs exigindo direitos iguais dos novos governantes.

O Talibã novamente agiu rápida e duramente para encerrar o protesto desta terça-feira, quando ele chegou perto do Palácio Presidencial. Eles dispararam suas armas para o ar e prenderam vários jornalistas que cobriam a manifestação.

Em um caso, um membro da milícia que portava um fuzil Kalashnikov pegou o microfone de um jornalista e começou a espancá-lo com ele, quebrando o microfone. O jornalista foi posteriormente algemado e detido por várias horas.

"Esta é a terceira vez que sou espancado cobrindo protestos", disse ele à Associated Press, sob a condição de não ser identificado porque temia retaliação. "Não irei novamente para cobrir uma manifestação, muito difícil para mim."

Um jornalista da popular TV TOLO News do Afeganistão foi detido por três horas antes de ser libertado com seu equipamento e o vídeo da manifestação ainda intactos. Não houve nenhum comentário imediato do Talibã.

 


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