Tribunal argentino condena seis à prisão perpétua por crimes contra a humanidade
Envolvidos na Operação Independência foram julgados em Tucumán
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Durante mais de uma hora, as condenações foram lidas ante vários dos familiares das vítimas, incluindo seis mulheres sequestradas grávidas cujos filhos ainda são procurados pela organização Avós da Praça de Maio. A ordem de lançar esta operação de repressão, dada pela ex-presidente Isabel Perón (1974-1976) marcou o início do terrorismo de Estado sofrido pela Argentina até 1983.
Nos arredores do tribunal, cerca de 100 ativistas e familiares das vítimas de violações dos direitos humanos se manifestaram com bandeiras e fotos de seus parentes sequestrados, torturados, assassinados ou desaparecidos. Os parentes das vítimas receberam os veredictos com aplausos, em alguns casos, e soluços e murmúrios de desaprovação, em outros. "Prisão comum, perpétua e efetiva a todo genocida que caminha pelas ruas argentinas", repetiam os manifestantes diante do tribunal desta cidade, 1.250 quilômetros ao norte de Buenos Aires.
No início deste processo havia 20 acusados, dos quais três morreram. Durante um ano e meio, 409 testemunhas passaram pelas audiências e mais de 20 novos depoimentos foram incorporados ao expediente, segundo a ONG Avós da Praça de Maio, parte demandante neste caso. O Ministério Público pediu em sua alegação final a prisão perpétua para 10 dos 17 imputados, e penas de entre três e 20 anos de prisão aos restantes, todos militares e policiais reformados.
A Argentina sofreu uma das ditaduras mais violentas da América Latina, onde aplicou um plano sistemático de desaparecimentos de pessoas, cifradas em 30.000 pelos organismos de direitos humanos.