Trump aguarda absolvição no Senado para impulsionar campanha pela reeleição

Trump aguarda absolvição no Senado para impulsionar campanha pela reeleição

Embora o caso tenha dividido os EUA, não parece ter prejudicado a imagem do mandatário entre os republicanos

AFP

Embora a absolvição do presidente americano seja quase certa, não deve ser unânime

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O presidente do Estados Unidos, Donald Trump, se prepara para ser absolvido, nesta quarta-feira, no processo de impeachment em curso contra ele no Senado. Embora o caso tenha dividido o país, não parece ter prejudicado a imagem do mandatário entre os seus partidários, em um período crucial no qual busca a reeleição.

Trump foi denunciado ao Congresso pela maioria democrata da Câmara de Representantes por abuso de poder e obstrução em dezembro do último ano. Após quase três semanas de audiências, espera-se que Trump seja absolvido por um Senado dominado pelos republicanos.

A absolvição é quase certa: a Constituição americana exige a maioria de dois terços, o equivalente a 67 votos das 100 cadeiras do Senado, para que o presidente seja condenado. Trump sabe, por sua vez, que pode contar com o apoio de ao menos 52 dos 53 senadores republicanos. A votação começará às 16h locais (18h de Brasília), mas o julgamento entre as partes já começou. "Donald Trump será absolvido para sempre", antecipou sua assessora Kellyanne Conway, em resposta aos democratas, para quem o presidente continuará sendo "acusado para sempre".

Apesar da vitória quase certa pelo fato de o Senado ser controlado pelos republicanos, não deve ser unânime. Momentos antes do início da votação, o senador republicano por Utah Mitt Romney disse que votará pela condenação de Trump. "O presidente é culpado de um abuso chocante da confiança pública", disse o ex-candidato à Presidência em 2012 em um discurso no Senado. "Corromper uma eleição para se manter no poder talvez seja a violação mais abusiva e destrutiva do juramento ao cargo de alguém que eu possa imaginar", acrescentou.

O senador provavelmente será o único republicano a condenar Trump, enquanto o Senado avalia os artigos da Câmara de Representantes, que pedem a destituição do presidente por abuso de poder e obstrução do Congresso.

Os democratas querem o impeachment de Trump por ele tentar forçar a Ucrânia a investigar seu possível oponente presidencial Joe Biden, com ameaças de bloqueio de US$ 391 milhões da ajuda militar crucial para este país em guerra, além de acusá-lo de tentar impedir a investigação do Congresso após essa denúncia. Embora o encerramento do julgamento político não signifique o fim das investigações dos democratas contra o presidente, dá a Trump impulso em sua corrida pela reeleição, após um tumultuado primeiro mandato.

De olho nas próximas eleições

Trump aproveitou seu discurso sobre o Estado da União, perante o Congresso, na noite desta terça, para exaltar suas conquistas, reais e imaginárias. Em sua fala de uma hora e 18 minutos, o inquilino da Casa Branca elogiou o desempenho de seu governo e proclamou "o grande retorno" dos Estados Unidos, em alusão ao lema da sua campanha.

O presidente afirmou que as suas políticas econômicas, criticadas por seus adversários políticos sob justificativa de que prejudicariam o meio ambiente e favoreceriam os ricos, foram responsáveis pelo progresso do país.

Quanto ao "grande sucesso econômico" dos Estados Unidos, Trump comentou que a sua "estratégia funcionou", referindo-se aos acordos comerciais com a China, assim como o México e o Canadá.

Trump criticou o antecessor democrata, Barack Obama, e declarou que o seu governo reverteu a "decadência econômica" e "restaurou" o orgulho americano. "Os inimigos do Estados Unidos estão fugindo, as fortunas americanas estão aumentando e o futuro do nosso país é brilhante", disse.

"Deve ser destituído"

A hostilidade de Trump com a presidente da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, a quem se negou a cumprimentar ao entrar no plenário, e o tom de seu discurso despertaram ainda mais a ira dos democratas. Segundos depois de o presidente concluir sua fala, Pelosi, líder democrata no Congresso, rasgou uma cópia do discurso em momento transmitido ao vivo na televisão. Essa profunda frustração só aumentará após a votação marcada para o final desta tarde nos EUA.

Para os democratas, respaldados ao menos em parte por alguns republicanos, o que Trump fez em relação à Ucrânia consistiu em um convite ilícito para que um governo estrangeiro interferisse na eleição americana. "Quando nosso presidente convida e pressiona um governo estrangeiro a difamar um adversário político e corromper a integridade das nossas eleições presidenciais de 2020, ele deve ser destituído", argumentou nesta quarta o senador democrata Jeff Merkley.

Porém, após semanas de julgamento, marcados pela negativa dos republicanos em usar testemunhas e documentos oficiais que pudessem respaldar a acusação, o poder de Trump não parece ter sido corrompido.

O senador republicano John Cornyn ressaltou que as acusações contra Trump, que qualificou como sendo profundamente partidárias, não justificam sua saída do poder. Segundo ele, a questão deve ser resolvida nas urnas em novembro. "O impeachment de um presidente do Estados Unidos é a opção nuclear para a nossa Constituição, é o último recurso", finalizou.


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