O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou neste domingo (19) o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, de tolerar a produção de drogas e anunciou que Washington encerrará os "pagamentos e subsídios em larga escala" ao país sul-americano.
"A partir de hoje, estes pagamentos, ou qualquer outra forma de pagamento, ou subsídios, não serão mais feitos" à Colômbia, afirmou Trump em sua plataforma Truth Social, na qual acrescentou que Petro está "incentivando fortemente a produção em massa de drogas".
Petro respondeu que Trump está sendo enganado por "assessores". "Recomendo a Trump que leia bem sobre a Colômbia e determine em que parte estão os narcotraficantes e em que parte estão os democratas", escreveu na rede social X.
Washington retirou no mês passado a certificação da Colômbia como país aliado na luta contra as drogas. Com o status, Bogotá recebia centenas de milhões de dólares em apoio militar americano.
A Colômbia é o país sul-americano que mais recebe ajuda financeira de Washington, segundo dados do governo dos Estados Unidos, com mais de 740 milhões de dólares (3,9 bilhões de reais na cotação atual) desembolsados em 2023, último ano com informações completas disponíveis.
Metade dos pagamentos é destinada à luta contra as drogas. O restante é utilizado para apoiar programas humanitários e alimentares.
Tensão no Caribe
Petro e Trump entram em conflito de maneira frequente e a relação ficou ainda mais tensa desde que os Estados Unidos iniciaram uma ofensiva militar no Caribe com ataques contra embarcações que supostamente traficam drogas.
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Em sua publicação de domingo, Trump pareceu ameaçar algum tipo de intervenção americana na Colômbia. "Petro, um líder mal avaliado e muito impopular, com uma língua afiada em relação aos Estados Unidos, é melhor fechar imediatamente estes campos de extermínio, ou os Estados Unidos vão fechá-los por ele, e isto não será feito de forma agradável", escreveu Trump.
O primeiro presidente de esquerda na história da Colômbia acusa Washington de violar a soberania do país e de ter matado um pescador em um dos ataques.
Petro insiste que as taxas de crescimento de cultivos de narcóticos e produção de cocaína diminuíram durante seu governo e que o cálculo da ONU teria problemas metodológicos.
"O principal inimigo que o narcotráfico teve na Colômbia, no século XXI, foi aquele que descobriu suas relações com o poder político da Colômbia. Esse fui eu", insistiu o presidente.
A Colômbia é o principal produtor de cocaína do mundo e, ano após ano, quebra seu próprio recorde, segundo a ONU.
Desde sua chegada ao poder em 2022, Petro estimula uma mudança de paradigma na guerra contra as drogas liderada pelos Estados Unidos, com um distanciamento da erradicação forçada para se concentrar nos problemas sociais que alimentam o narcotráfico.