Mundo

Trump assina ordem executiva para tirar EUA do acordo climático de Paris

Críticos alertam que a medida poderia incentivar outros grandes emissores, como China e Índia, a reduzirem seus próprios compromissos

As promessas de Trump foram bem recebidas por líderes da indústria de energia
As promessas de Trump foram bem recebidas por líderes da indústria de energia Foto : ALEXSANDER DRAGO / POOL / AFP

O presidente americano, Donald Trump, assinou, nesta segunda-feira (20), uma ordem executiva para tirar, pela segunda vez, os Estados Unidos do Acordo climático de Paris, um ato desafiador para os esforços globais para enfrentar o aquecimento global, enquanto eventos climáticos extremos se espalham pelo mundo.

Em seguida, Trump assinou uma carta formal dirigida à ONU, notificando a organização sobre a decisão do país de deixar o acordo histórico de 2015, que busca reduzir as emissões de gases de efeito estufa, que impulsionam as mudanças climáticas.

A saída do acordo levaria um ano após a apresentação da notificação formal às Nações Unidas, que patrocinam as negociações globais sobre o clima.

Críticos alertam que a medida poderia incentivar outros grandes emissores, como China e Índia, a reduzirem seus próprios compromissos.

Essa decisão ocorre em um momento em que as temperaturas médias globais ultrapassaram pela primeira vez, nos últimos dois anos, o limite crítico de aquecimento de 1,5ºC, destacando a urgência de ações climáticas.

O secretário executivo da ONU para Mudança Climática, Simon Stiell, afirmou para Trump que "a porta continua aberta" para o retorno ao acordo.

Stiell enfatizou que "o crescimento global das energias limpas — avaliado em 2 trilhões de dólares (R$ 12 trilhões) apenas no ano passado — é o acordo de crescimento econômico da década. Adotá-lo significa enormes benefícios, milhões de empregos e ar limpo".

"A retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris é lamentável, mas a ação climática multilateral demonstrou sua resiliência e é mais forte do que as políticas de um único país", declarou Laurence Tubiana, diretora-geral da Fundação Europeia para o Clima e uma das principais arquitetas do Acordo de Paris.

Mais exploração, menos veículos elétricos

Trump utilizou seu discurso de posse para adiantar uma série de decretos federais de grande alcance relacionados à energia, com o objetivo de desfazer o legado climático de Joe Biden.

"A crise inflacionária foi causada por gastos excessivos massivos e pelo aumento dos preços da energia, e é por isso que hoje também declararei uma emergência energética nacional. Vamos 'perfurar, querida, perfurar!'", disse Trump.

"Voltaremos a ser uma nação rica, e é esse ouro líquido sob nossos pés que ajudará a alcançar isso", acrescentou.

Elogios e críticas

As promessas de Trump foram bem recebidas por líderes da indústria de energia, que enxergam as políticas da administração como um retorno à era do "domínio energético americano".

"A indústria americana de petróleo e gás natural está pronta para trabalhar com a nova administração para oferecer soluções energéticas de bom senso, como os americanos votaram", afirmou Mike Sommers, presidente e CEO do Instituto Americano de Petróleo.

No entanto, as promessas provocaram indignação imediata entre defensores do meio ambiente, que argumentam que dobrar a produção de combustíveis fósseis ignora os desafios urgentes das mudanças climáticas.

"Essa declaração é mais uma prova de que Trump parece não reconhecer o mundo real", disse à AFP Athan Manuel, diretor do programa de proteção da terra do Sierra Club.

"Os Estados Unidos estão produzindo mais energia, mais petróleo e gás do que qualquer país já produziu."

A declaração de Trump ocorre apesar do consenso científico de que a queima de combustíveis fósseis levou as temperaturas globais a níveis sem precedentes, contribuindo para desastres climáticos cada vez mais graves.

Veja Também