Trump planeja retirada completa de tropas americanas na Síria

Trump planeja retirada completa de tropas americanas na Síria

Senador republicano Lindsey Graham rebateu declaração por meio de rede social

AFP

Retirada de tropas é motivada pelo que o presidente considera "derrota" do EI na região

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acredita ter alcançado seu objetivo de "derrotar o grupo Estado Islâmico" (EI) na Síria, está considerando uma retirada completa das tropas americanas mobilizadas no país em guerra. "Trata-se de uma retirada total" que deverá acontecer "o mais rápido possível", informou à AFP uma autoridade americana, que pediu para não se identificar. "A decisão foi tomada ontem", disse a fonte.

Cerca de 2.000 soldados americanos estão atualmente mobilizados no norte da Síria, em sua maioria integrantes das forças especiais presentes para combater o EI e treinar as forças locais nas zonas libertadas dos extremistas. "Nós derrotamos o grupo Estado Islâmico na Síria, a única razão, na minha opinião, pela qual estávamos presentes", escreveu o presidente americano no Twitter.



Muitos observadores alertam para o risco de uma retirada americana precipitada, que deixaria o caminho livre na Síria aos aliados do presidente Bashar al-Assad, a saber a Rússia, grande rival dos Estados Unidos, e o Irã, verdadeiro inimigo do governo Trump. O presidente americano manifestou várias vezes sua intenção de retirar suas tropas desse país, enquanto vários membros de seu governo expressaram divergências sobre essa questão delicada.

O republicano reclama dos custos bilionários das campanhas americanas no Oriente Médio, que seriam melhor gastos em benefício dos contribuintes americanos. Ele também defende deixar a tarefa "para os outros", principalmente os países árabes do Golfo. Na primavera (no hemisfério Norte), quando o assunto voltou ao debate, um compromisso para confirmar o status quo sem ferir a sensibilidade do magnata imobiliário foi encontrado: o governo anunciou que a retirada continuava sendo "um objetivo", mas nenhum calendário foi definido.

Na semana passada, o enviado americano para a coalizão internacional antijihadista, Brett McGurk, declarou que os americanos deveriam permanecer na Síria por algum tempo. "Mesmo que o fim do califado como território esteja agora claramente ao alcance das nossas mãos, o fim do EI vai demorar muito mais tempo", disse ele à imprensa em Washington, porque "existem células clandestinas". "Ninguém é tão ingênuo a ponto de dizer que eles vão desaparecer" da noite para o dia, completou, insistindo em que "ninguém declara 'missão cumprida'".

"Nós aprendemos muitas lições no passado. Então, sabemos que, uma vez que os territórios sejam libertados, não se pode simplesmente fazer as malas e ir embora", frisou. Em várias ocasiões, o secretário americano da Defesa, Jim Mattis, também advertiu contra uma saída precipitada da Síria. "Devemos evitar deixar na Síria um vácuo que pode ser explorado pelo regime de Assad, ou por seus apoiadores", explicou em junho. O senador republicano Lindsey Graham expressou suas reservas nesta quarta-feira, dizendo no Twitter que "a retirada desta pequena força dos Estados Unidos na Síria seria um grande erro, do tipo Obama".



"O grupo do EI não foi derrotado na Síria, no Iraque e certamente não no Afeganistão, onde acabei de visitar", disse ele. "Estamos prestes a cometer o mesmo erro que cometemos tantas vezes no Oriente Médio nos últimos 20 anos", lamentou, por sua vez, Ilan Goldenberg, ex-diplomata de Barack Obama.

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