O Prêmio Nobel da Paz de 2025 será anunciado nesta sexta-feira (10) em Oslo, às 11h (6h em Brasília), pelo Comitê Norueguês do Nobel. No entanto, uma coisa é dada como certa entre os especialistas: o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não será o vencedor, apesar de seus próprios anseios e de afirmar merecer o prêmio por ter solucionado "oito conflitos".
O contexto global para o prêmio é desanimador: o número de confrontos armados envolvendo ao menos um país em 2024 é o mais alto desde que a Universidade de Uppsala, na Suécia, começou a registrar seu banco de dados de conflitos mundiais em 1946.
Por que Trump é descartado?
Especialistas em assuntos internacionais e paz descartam a premiação de Trump neste ano. O professor sueco Peter Wallensteen declarou que a escolha não será o presidente americano, pelo menos não agora. A diretora do Instituto de Pesquisa para a Paz de Oslo (PRIO), Nina Graeger, ressaltou que as políticas de Trump de "Estados Unidos primeiro" vão "contra as intenções e o que está escrito no testamento de (Alfred) Nobel", que visa promover a cooperação internacional, a fraternidade das nações e o desarmamento.
O presidente do comitê do Nobel, Jorgen Watne Frydnes, explicou que o processo de seleção leva em consideração "todo o panorama" da personalidade e organização, sendo o principal critério o que o indivíduo ou entidade está "fazendo pela paz". As ações de Trump, como a retirada dos EUA de tratados multilaterais e ataques à liberdade acadêmica e de imprensa, conflitam com os ideais do prêmio.
- Nobel de Química premia trio por pesquisas sobre novas estruturas moleculares
- Nobel de Física vai para pesquisas na área da mecânica quântica
Candidatos e o foco em direitos humanos
O comitê recebeu 338 indicações este ano. Após a escolha, em 2024, do grupo Nihon Hidankyo (sobreviventes da bomba atômica), as seleções recentes têm mostrado um "retorno a coisas mais micro", com foco em direitos humanos, democracia e liberdade de imprensa.
Entre os nomes e organizações cotados circulam em Oslo estão:
- Salas de Resposta a Emergências do Sudão: Uma rede de voluntários que ajuda pessoas em situações de guerra e fome.
- Yulia Navalnaya: Viúva do crítico do Kremlin Alexei Navalny.
- António Guterres (Secretário-Geral da ONU) ou a agência de apoio aos refugiados palestinos UNRWA.
- Corte Internacional de Justiça, Tribunal Penal Internacional, ou organizações defensoras da liberdade de imprensa, como o Comitê para a Proteção dos Jornalistas ou Repórteres Sem Fronteiras.
O diretor do Instituto Norueguês de Assuntos Internacionais, Halvard Leira, aposta em uma escolha discreta, sugerindo "possivelmente um candidato não controverso para este ano". A escolha de Guterres ou de um organismo da ONU também é vista como uma forma de o comitê reafirmar seu compromisso com a ordem mundial.