Ucrânia evacua civis diante de avanço russo no nordeste do país

Ucrânia evacua civis diante de avanço russo no nordeste do país

Região de Kharkiv já mudou de mãos duas vezes desde o início da guerra

AFP

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Dezenas de cidades da região ucraniana de Kharkiv (nordeste) ordenaram, nesta quinta-feira (10), a evacuação de civis diante do avanço das tropas russas em uma região que já mudou de mãos duas vezes desde o início da guerra. O exército russo havia ocupado a cidade de Kupiansk e seus arredores pouco depois de invadir o país, em fevereiro de 2022, mas foi expulso em uma contraofensiva-relâmpago das tropas ucranianas em setembro. Nas últimas semanas, voltou ao ataque e reivindica avanços territoriais periódicos. O exército ucraniano assegurou, nesta quinta, que "a situação continua sendo difícil, mas se mantém sob controle" na região.

"Os russos tentam se impor e penetrar em nossas defesas", acrescentou pelo Telegram o porta-voz das tropas ucranianas no setor oriental da linha de frente, Serguii Cherevaty.

O ministério russo da Defesa havia informado anteriormente que suas tropas "melhoraram suas posições" no front perto de Kupiansk. As autoridades locais ordenaram a evacuação de 37 aldeias do distrito de Kupiansk, um importante nó de comunicações. A maioria fica perto da linha de frente, na margem esquerda do rio Oskil.

"A evacuação começou ontem, quando foi assinada a ordem", disse nesta quinta o chefe da administração militar de Kupiansk, cidade que tinha 25.000 habitantes antes da guerra.

Esta administração pediu pela manhã que os civis partissem "para um local mais seguro" diante do "aumento dos bombardeios". O governador regional, Oleg Sinegubov, informou que dois moradores ficaram feridos em um bombardeio noturno na aldeia de Kindrashivka. Também mostrou a foto de um prédio administrativo, que foi alvo de um ataque em Kupiansk, embora tenha assegurado que neste caso não houve vítimas. Segundo mapas russos, as tropas de Moscou estariam a poucos quilômetros da cidade.

Bombardeios "cotidianos" em Zaporizhzhia

A Ucrânia iniciou em junho uma contraofensiva, após receber um reforço militar importante das potências ocidentais, mas admitiu dificuldades para avançar diante da resistência das tropas russas. A cidade de Zaporizhzhia, perto do front sul, que tinha sido bombardeada na quarta, voltou a ser alvo de um novo ataque nesta quinta, que deixou pelo menos um morto e 14 feridos, segundo as autoridades locais.

"A cidade sofre bombardeios russos cotidianos", afirmou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que publicou um vídeo mostrando um carro em chamas perto do hotel Reikatz, nesta cidade.

Nadiya, uma moradora de Zaporizhzhia de 71 anos, contou à AFP que tinha ido se deitar quando começou o bombardeio na quarta-feira. "Ouvi um 'bangue'. Havia fumaça preta. Vidros por todos os lados. Comecei a gritar", contou.

Diante destas dificuldades sofridas por Kiev, o presidente americano, Joe Biden, pediu nesta quinta ao Congresso mais de 13 bilhões de dólares suplementares (aproximadamente 63 bilhões de reais na cotação atual) em ajuda militar à Ucrânia, segundo carta da diretora do Escritório de Administração e Orçamento (OMB), Shalanda Young.

O governo Biden solicitou, ainda, ajuda financeira adicional de 8,5 bilhões de dólares (cerca de 41,2 bilhões de reais) para auxiliar econômica, humanitariamente e em questões de segurança a Ucrânia e outros países afetados pelo conflito.

Ataques em território russo

Coincidindo com o lançamento de sua contraofensiva em junho, a Ucrânia multiplicou nas últimas semanas os ataques com drones aéreos, ou navais, contra territórios russos ou controlados pelas tropas russas, assim como na península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014. Na região russa de Briansk, perto da fronteira com a Ucrânia, duas pessoas morreram, e duas ficaram feridas, em um bombardeio que as autoridades atribuíram às forças ucranianas.

Na véspera, outro civil russo morreu em um ataque na região de Belgrod, também na fronteira. A Rússia anunciou, ainda, nesta quinta, que abateu 11 drones ucranianos perto da Crimeia e outros que se dirigiam para Moscou, embora não tenha reportado danos ou vítimas nestas ações.


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