UE e Reino Unido adiam o Brexit até 31 de outubro

UE e Reino Unido adiam o Brexit até 31 de outubro

Chefe do Conselho Europeu defendeu a procura da melhor solução possível para o acordo

AFP

União Europeia e Reino Unido decidiram adiar o Brexit até 31 de outubro

publicidade

A primeira-ministra britânica, Theresa May, aceitou a proposta feita por seus 27 parceiros da União Europeia (UE) de prorrogar a data do Brexit para 31 de outubro, mas não descarta uma saída do bloco antes das eleições europeias. "Isto significa seis meses adicionais para que o Reino Unido encontre a melhor solução possível", disse o chefe do Conselho Europeu, Donald Tusk, ao anunciar o acordo com May, na madrugada desta quinta-feira. "Esta prorrogação é tão flexível quanto se previa e mais curta do que se esperava, mas suficiente para se encontrar a melhor solução possível. Por favor, não percam o tempo", declarou Tusk. 

Ao mesmo tempo, o presidente americano Donald Trump lamentou que a UE seja "tão dura" com o Reino Unido. May, que está em discussões com a oposição trabalhista para obter uma maioria parlamentar em seu país a favor do divórcio fechado, destacou que "se conseguirmos um acordo agora (...) ainda poderemos sair em 22 de maio", evitando as eleições europeias. "A bola está agora com o Parlamento britânico", resumiu o chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, ao final de oito horas de reunião, expressando sua esperança sobre um acordo entre o Executivo e os trabalhistas. 

O presidente francês, Emmanuel Macron, que se mostrou como o líder mais firme diante do Reino Unido durante o debate, celebrou o "melhor compromisso possível", que "permitiu preservar a unidade dos 27". "O prazo de 31 de outubro nos protege, porque é uma data-chave, antes da instalação de uma nova Comissão Europeia", explicou Macron, que justificou sua "firmeza" em favor de um "bom funcionamento da UE". 

May, confrontada com a relutância da ala mais eurocética de seu partido, havia pedido uma nova extensão do prazo, até 30 de junho, para tentar chegar a uma maioria trabalhista com a oposição em favor do acordo de divórcio que o Parlamento britânico já rejeitou três vezes. "Quero que possamos sair de forma ordenada e tranquila o mais rápido possível, e é por isso que vou trabalhar", afirmou May antes de defender durante uma hora seu pedido de adiamento diante de 27 contrapartes exasperados. Embora fontes diplomáticas tenham qualificado seu discurso como "útil e sólido", a desconfiança de seus pares diante do caos político reinante em seu país lhes fez propor uma prorrogação maior, até 31 de outubro, mas com matizes. 

31 de outubro 

Donald Tusk tinha proposto uma "prorrogação flexível" de "não mais de um ano" para permitir ao Reino Unido abandonar o bloco quando ambas as partes tiverem ratificado o acordo de divórcio, inclusive se isto ocorrer antes, mas Macron insistiu em um prazo menor. Depois de o Parlamento britânico rejeitar três vezes o acordo de divórcio, os europeus se mostravam céticos sobre a possibilidade de May conseguir aprová-lo em 30 de junho e queriam, por seu lado, evitar mais cúpulas de urgência. "O objetivo é que as instituições europeias possam avançar e que o Brexit tenha o menor efeito em seu funcionamento", disse uma fonte do governo francês, explicando que Bélgica, Luxemburgo, Espanha e Malta apoiavam sua posição. 

A União Europeia (UE) está preocupada pelo bom funcionamento do bloco se o Reino Unido continuar sendo membro para além de 1º de julho, quando se formar o novo Parlamento Europeu, egresso das eleições de maio. As datas debatidas estão vinculadas aos próximos eventos-chave de uma UE que muda de ciclo com as eleições à Eurocâmara e à chegada de uma nova Comissão Europeia, a princípio em 1º de novembro. 

Se os britânicos continuarem como membros do bloco depois de 22 de maio, terão que participar das eleições europeias, algo que Theresa May quer evitar, ainda que já tenha iniciado os preparativos. Uma das fontes europeias explicou que o "Reino Unido participará das eleições europeias se continuarem sendo membros (do bloco) em 22 de maio". 

Se permanecer por um tempo longo, os europeus querem do Reino Unido uma "cooperação leal" como país que está partido e não vetar a adoção de projetos europeus fundamentais. Quase três anos depois de 52% dos britânicos votarem a favor de sair da UE, em junho de 2016, o Reino Unido continua na porta de saída, após mais de quatro décadas de pertencimento ao projeto europeu. O negociador europeu, Michel Barnier, deve se reunir nesta quinta-feira com a líder do partido unionista norte-irlandês, Arlene Foster, que explicará ao francês os motivos de sua oposição ao acordo de divórcio. E, passada a cúpula, a primeira-ministra conservadora deve retomar as discussões com o líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, com a esperança de conseguir aprovar o acordo de divórcio.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895