Vacina russa contra Covid-19 usa dois adenovírus

Vacina russa contra Covid-19 usa dois adenovírus

Primeiro imunizante do mundo contra a doença, Sputnik V utiliza dois vetores diferentes para transportar genes do coronavírus para dentro das células

R7

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A vacina russa foi a primeira registrada no mundo contra a Covid-19, em 11 de agosto. Ela se diferencia das demais que estão sendo desenvolvidas e estão em estágio avançado contra a doença no que se refere à sua composição. 

Chamada Sputnik V, uma alusão ao satélite soviético lançado em 1957 na órbita da Terra, também pioneiro no mundo, é feita com dois vetores de adenovírus enfraquecido, vírus que causa o resfriado comum em humanos, e fragmentos do novo coronavírus, para estimular o corpo a produzir anticorpos contra a doença e induzir imunidade a longo prazo, segundo dados divulgados pela agência russa de notícias Sputinik News. 

Desde 2015, pesquisadores russos vêm trabalhando no modelo de dois vetores. A partir disso, surgiu a ideia de usar dois tipos de vetores adenovirais, Ad5 e Ad26, na vacina contra a Covid-19. Segundo a agência de notícias, o uso de dois vetores é uma tecnologia única, desenvolvida pelos cientistas do Instituto Gamaleya de Epidemiologia e Microbiologia, em Moscou. 

A vacina de Oxford, desenvolvida pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, em parceria com a empresa AstraZeneca, também utiliza uma plataforma semelhante: o uso de adenovírus como veículo para a vacina. A diferença em relação à vacina russa, é que usa apenas um vetor e de adenovírus que causa resfriado comum em chimpanzés, e não em humanos. 

A vacina da Johnson & Johnson está usando o adenovírus Ad26 e a chinesa CanSino o adenovírus Ad5, os mesmos vetores usados pelo Instituto Gamaleya. A diferença é que a vacina russa utiliza os dois, sendo um na primeira dose e outro na segunda. 

Um vetor é um vírus que não possui um gene para reprodução, sendo usado apenas para transportar até uma célula o material genético do vírus contra a qual a vacina está sendo produzida. Um gene que codifica a chamada proteína S dos espinhos do vírus SARS-CoV-2 é inserido em cada vetor. Com a ajuda dos espinhos, o vírus SARS-CoV-2 entra na célula. As informações são da agência de notícias russa Sputinik. 

A vacina russa é intramuscular administrada em duas doses. A segunda deve ser aplicada 21 dias após a primeira. Isso é semelhante às outras vacinas contra a Covid-19 que estão em estágio avançado. Na primeira vacinação, o vetor com o gene que codifica a proteína S do coronavírus entra na célula. O corpo sintetiza a proteína S e a produção de imunidade é iniciada. 

Na segunda dose, o outro vetor adenoviral é utilizado, estimulando a resposta da imunidade do corpo e uma proteção a longo prazo. Como as "partes" de coronavírus são introduzidas no organismo junto com dois adenovírus diferentes, a vacinação consiste de duas etapas. 

Utilizando o método de dois vetores, o Instituto Gamaleya desenvolveu e registrou uma vacina contra o ebola, aplicada em 2 mil pessoas no Guiné em 2017 e 2018. As  informações são do Sputinik News. 

A vacinação do grupo de risco na Rússia já está prevista para ser feita em outubro, paralelamente aos testes da terceira e última fase do imunizante, segundo pesquisadores do Instituto Gamaleya divulgaram na quinta-feira. 

A vacina é contraindicada para mulheres grávidas e lactantes e aqueles com histórico de reações alérgicas graves e doenças agudas. Deve ser usada com cautela por pessoas com doenças crônicas hepáticas e renais, diabetes, doenças graves do sistema de hematopoese, epilepsia, AVC e outras doenças do sistema nervoso central, doenças do sistema cardiovascular, imunodeficiências, doenças autoimunes, doenças pulmonares, asma, reações alérgicas e eczema, de acordo com a agência de noticias Sputinik. Entre os efeitos colaterais pode haver calafrios, febre, dor de cabeça e mal-estar. Efeitos mais raros são náusea e redução do apetite. 


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