Ação contra crimes de violência doméstica termina com cinco prisões no Rio Grande do Sul

Ação contra crimes de violência doméstica termina com cinco prisões no Rio Grande do Sul

Operação ocorreu em 22 cidades gaúchas e já resultou em cinco prisões e dez armas apreendidas

Correio do Povo

Cerca de 150 agentes cumprem mais de 100 ordens judiciais entre mandados de busca e apreensão e também de prisão

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A Polícia Civil desencadeou nesta quinta-feira uma ofensiva direcionada aos crimes de violência doméstica e familiar contra a mulher em 22 cidades gaúchas. A operação Vênus mobiliza 153 agentes em 39 viaturas que executaram 107 ordens judiciais, sendo 79 de busca e apreensão e outros 26 de prisão preventiva, além de 193 verificações de denúncias e de 48 de cumprimento de medidas protetivas de urgência. Houve cinco prisões e recolhimento de dez armas até o final desta manhã. A ação, que prossegue durante a tarde, envolve as 22 delegacias de especializadas no atendimento à mulher, as chamadas DEAMs, sob coordenação da delegada Tatiana Bastos. No Rio Grande do Sul, 62 casos de feminicídios já foram registrados até julho deste ano, enquanto todo 2018 somou 117 ocorrências, sendo verificada uma tendência de queda nos índices.

Em entrevista coletiva à imprensa, a Chefe de Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, defendeu um acolhimento cada vez maior às vítimas para que as mesmas possam “denunciar mais” e forneçam “subsídios para que se possa investigar e devidamente punir” os agressores. “É uma busca incessante para que as mulheres façam as denúncias. O exemplo da punição e prisão também são formas de prevenção da violência”, lembrou.

A diretora do Departamento Estadual de Proteção a Grupos Vulneráveis, a delegada Shana Hartz lamentou que a maior parte das vítimas de feminicídio “sequer tinha registrado uma ocorrência contra os seus agressores”. De acordo com ela, as mulheres precisam buscar ajuda e que “tragam a violência que estão sofrendo para a devida apuração e punição do responsável”. Observando que a violência doméstica tem como característica ficar restrita aos lares, a delegada Shana Hartz afirmou que a ocorrência de um feminicídio não quer dizer que foi a primeira ocorrência registrada contra a vítima. “Ele significa que já havia violências não notificadas. Podemos agir antes que o crime se torne mais grave”, resumiu.

Já a delegada Tatiana Bastos explicou que a operação Vênus conclui as atividades do Agosto Lilás no qual foram lembrados os 13 anos da Lei Maria da Penha. “Há uma dificuldade das mulheres em romper o círculo da violência e procurar ajuda na delegacia. Cerca de 90% delas não notificam essa violência. A maioria morre calada”, constatou. “Quanto antes isso acontecer mais fácil e eficaz retirar ela desse círculo de violência doméstica e familiar contra a mulher”, acrescentou. A delegada Tatiana Bastos avaliou que a ação deflagrada visa também os “agressores que descumpre medidas protetivas de urgência” e com isso “inibir a progressão da violência”.

A Chefe de Polícia Civil, delegada Nadine Anflor, aproveitou para anunciar um projeto no qual todas as delegacias de polícia de pronto atendimento no RS, conhecidas como DPPAs, tenham as “Salas das Margaridas”, onde as mulheres terão acolhimento especializado nas 24 horas. “Elas serão ouvidas separadamente e com uma atenção maior. Estamos fomentando a ideia em todas as regiões”, adiantou. Uma DEAM também será aberta futuramente em São Leopoldo. “O RS é referência em todo o país”, concluiu.


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