Acusado de mais de dez homicídios, líder de facção foge do semiaberto em Porto Alegre

Acusado de mais de dez homicídios, líder de facção foge do semiaberto em Porto Alegre

Gordo Dé coordenava o tráfico de drogas do interior da Cadeia Pública de Porto Alegre

Correio do Povo

Gordo Dé ao ser preso em 2014

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A Brigada Militar e a Polícia Civil estão em alerta após a fuga, na noite deste sábado, do líder da facção Os Abertos, vulgo Gordo Dé, 43 anos, que estava no regime semiaberto. Acusado de mais de dez homicídios entre 2011 e 2017, o criminoso é considerado uma liderança do tráfico de drogas na Zona Norte de Porto Alegre, sobretudo no Rubem Berta e Loteamento Timbaúva, além de forte atuação em Cachoeirinha e Gravataí. Com a fuga do criminoso que é inimigo declarado da facção Bala na Cara, as autoridades da segurança pública teme o reinício de uma onda de execuções com mutilações, esquartejamentos e decapitações. Ao grupo do agora foragido é atribuído inclusive que inocentes, mesmo crianças e trabalhadores, são mortos durante ataques em territórios inimigos. Na gíria, o criminoso é tido com “sangue no olho”. A organização criminosa Os Abertos nasceu na década de 1990.

Gordo Dé coordenava o tráfico de drogas do interior da Cadeia Pública de Porto Alegre (antigo Presídio Central), onde exercia o posto de “patrão” da segunda galeria no pavilhão D, que reúne os integrantes de seu grupo. Beneficiado pela progressão de regime por decisão da Justiça, o criminoso teve tornozeleira eletrônica colocada por volta das 20h com o objetivo de cumprir prisão domiciliar. No entanto, o sistema de monitoramento constatou o rompimento do equipamento em torno das 20h24min, sendo a perda de sinal verificada entre a Capital e Viamão. Ao deixar a Cadeia Pública de Porto Alegre, o líder da facção foi visto embarcando em um automóvel BMW X1, sendo acompanhado por uma Chevrolet Captiva como escolta de segurança do traficante.

Apontado como de alta periculosidade, o traficante e sete cúmplices haviam sido denunciados em janeiro deste ano pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) pelos crimes de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Conforme o MP-RS, Gordo Dé “se mantinha acima dos demais na hierarquia, porém oculto nas atividades criminosas desenvolvidas, associando-se a outras pessoas também denunciadas que, abaixo dele, também exerciam funções de comando e repassavam suas ordens para os demais integrantes da organização”. Conforme na época a Promotoria de Justiça Especializada no Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro e Organização Criminosa, o líder dos Abertos é “autor intelectual de crimes, tendo determinado as execuções em nome da proteção de seus pontos de venda de drogas, visando a expandir a facção, além de assegurar a manutenção dessas áreas, assumindo, assim, o domínio de outras bocas de fumo”. Conforme a investigação no MP/RS, os denunciados usavam “laranjas” para adquirir imóveis e veículos de luxo com o dinheiro recebido com as práticas criminosas.

Em fevereiro de 2014, a Delegacia de Capturas do Departamento Estadual de Investigações Criminais havia prendido Gordo Dé em Canoas após estar foragido do sistema prisional desde 2010. Na época, Gordo Dé fazia parte do "Bando do Datena”. Em 2013 ele roubou um ônibus e arremessou o veículo contra a residência de um rival no bairro São Pedro, em Alvorada. No mesmo ano, a quadrilha foi alvo da Operação Linha 1, da 1ªDP de Alvorada e 2ª DP de Viamão. Em 2015, um outro líder da facção, Seco da Baia, foi assassinado no bairro Mário Quintana.

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