Após fuga em Mossoró, governo anuncia construção de muralhas em presídios federais

Após fuga em Mossoró, governo anuncia construção de muralhas em presídios federais

Medida foi anunciada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski

Estadão Conteúdo

Medida foi anunciada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski

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O governo federal vai construir muralhas de proteção em todos os presídios federais na tentativa de evitar novas fugas de detentos. A medida foi anunciada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, nesta quinta-feira como uma resposta à fuga de dois criminosos do presídio federal de Mossoró. O caso abriu a primeira crise de Lewandowski à frente da pasta - ele ordenou um pente-fino em todo o sistema.

Na madrugada de quarta-feira, Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento escaparam da penitenciária escalando a luminária de suas celas e acessando o teto da cadeia. Depois, chegaram ao pátio, onde ocorre uma obra e pegaram um alicate com o qual cortaram o alambrado da penitenciária e fugiram.

Atualmente, somente a penitenciária federal do Distrito Federal tem muralha de proteção. O ministro anunciou que as estruturas serão construídas nos outros quatro presídios federais em Catanduvas (PR), Campo Grande (MS), Porto Velho (RO) e Mossoró (RN) com recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen). Além das muralhas, Lewandowski anunciou a modernização do sistema de câmeras dos presídios e controle de acesso às unidades com sistema de reconhecimento facial de presos, visitantes e advogados.

O ministro também anunciou um reforço no efetivo de policiais penais. Serão convocados 80 agentes já aprovados em concurso para incrementar a segurança do sistema prisional federal. O governo ainda pretende ampliar o sistema de alarme e sensores das penitenciárias.

'Desde as primeiras horas do acontecimento estamos ativos, atuando e empregando todos nossos recursos para recapturar os fugitivos, apurar as responsabilidades do ocorrido e prevenir a repetição de um episódio como esse, que foi resultado de uma série de eventos fortuitos', disse o ministro.

Essa foi a primeira vez que presos conseguem escapar de um presídio federal, criados a partir de 2006. O fato fez com que o Ministério da Justiça e Segurança Pública afastasse a direção da penitenciária e escolhesse um interventor para chefiar a unidade, o policial penal federal Carlos Luis Vieira Pires. O servidor atuava como coordenador-geral de Classificação e Remoção de Presos em Brasília e já foi diretor da Penitenciária Federal em Catanduvas (PR).

O episódio causou incômodo no governo, que recentemente trocou o comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Após a saída do ministro Flávio Dino para assumir uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro do STF, Ricardo Lewandowski assumiu o comando da pasta.

Lewandowski fez trocas em alguns cargos, inclusive na Secretaria Nacional de Políticas Penais, que passou a ser chefiada por André Garcia. 'Considero que a fuga dos dois detentos é algo que não pode ser minimizado. É algo grave, sem dúvida nenhuma, mas é uma fuga que se deu numa série de coincidências negativas, casos fortuitos que facilitaram a fuga desses dois detentos. Embora preocupante, isso não afeta a segurança dos presídios federais', argumentou o ministro.

De acordo com Lewandowski, há 300 agentes atuando na busca pelos detentos. Os policiais trabalham com a hipótese de que os foragidos estejam num perímetro de 15 quilômetros ao redor da penitenciária. Câmeras externas não registraram a chegada de veículos para resgatar os prisioneiros e também não foram identificados furtos ou roubos de veículos na região, o que reforça a hipótese de que Mendonça e Nascimento fugiram a pé.

Segundo apuração preliminar, os foragidos seriam ligados ao Comando Vermelho. No mesmo presídio em Mossoró está preso o líder da facção criminosa, Fernandinho Beira-mar.

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