Associação lança campanha de prevenção a suicídio e transtornos mentais de policiais militares

Associação lança campanha de prevenção a suicídio e transtornos mentais de policiais militares

Levantamento da entidade mostra que 50 brigadianos tiraram a própria vida entre 2008 e 2018

Correio do Povo

Presidente da ASOFBM, coronel da reserva Marcos Paulo Beck, manifestou a preocupação com o problema que entende não ser discutido abertamente dentro da instituição

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A Associação dos Oficiais da Brigada Militar (ASOFBM) lançou na manhã desta quarta-feira uma campanha de prevenção do suicídio e de tratamento de transtornos mentais de policiais militares. Uma cartilha de orientação será distribuída para todo efetivo da BM e também do Corpo de Bombeiros Militar. De acordo com levantamento da entidade, 50 brigadianos tiraram a própria vida entre 2008 e 2018, sendo que o afastamento do trabalho por problemas psiquiátricos atinge 53% do efetivo. Segundo o estudo, a BM possui apenas cinco psiquiatras para atender em torno de 19 mil policiais, entre homens e mulheres.

O presidente da ASOFBM, coronel da reserva Marcos Paulo Beck, manifestou a preocupação com o problema que entende não ser discutido abertamente dentro da instituição. “O Rio Grande do Sul tem o dobro dos índices de suicídio no Brasil. A BM tem o dobro do índice do RS”, revelou, constatando o agravamento da situação nos últimos anos. “A atividade do policial militar é extremamente desgastante e de alta tensão. Ele sai de casa e não sabe se volta”, observou. “O número de suicídios é três vezes maior do que a morte no enfrentamento com bandidos”, enfatizou.

O dirigente declarou ainda que o brigadiano sofre “tanta pressão que não vem só do bandido”. Citou como exemplos estresse de custodiar presos em viaturas, a soltura judicial de criminosos, salários atrasados e a ameaça de perda de direitos, como o tempo de aposentadoria especial. O coronel da reserva Marcos Paulo Beck constatou ainda a falta de reconhecimento do policial militar por parte da sociedade. 

Sobre a cartilha confeccionada, o presidente explicou que a publicação vai “possibilitar que os colegas, sejam superiores ou subordinados, vejam algum sintoma” de quem está perturbado. Ele espera que a publicação ajude a amenizar o problema do suicídio dentro da corporação, servindo como instrumento de conscientização. O dirigente defendeu um maior número de psiquiatras e psicólogos atuando dentro da BM. “A morte dos policiais não tem significado”, lamentou.

Rede de apoio

O Brasil possui atendimento gratuito e anônimo para apoio emocional e prevenção do suicídio para pessoas que estejam lutando contra a depressão. O atendimento pode ser realizado por email ou bate-papo pelo site do Centro de Valorização da Vida (CVV), ou pelo número de telefone 188, 24 horas por dia.


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