Bope ocupa Favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro

Bope ocupa Favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro

Com medo de represália de traficantes, muitos moradores não comentaram ação da polícia

Agência Brasil

Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar ocupa a Favela do Jacarezinho

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O Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar do Rio de Janeiro ocupou nesta terça-feira a favela do Jacarezinho, na zona norte da cidade. Desde ontem, quando começou o processo de pacificação dos complexos de Manguinhos e do Jacarezinho, a comunidade era policiada por agentes da Polícia Civil.

Os policiais entraram na favela por volta das 7h, em uma operação tranquila, que não alterou a rotina dos moradores. As escolas funcionaram normalmente, assim como o comércio da região. O Bope foi apoiado por dois helicópteros e pelo Batalhão de Operações com Cães, que procuravam por armas e drogas. Uma motocicleta roubada, além de um volume de maconha e cocaína ainda não contabilizado foi apreendido em uma localidade conhecida como Rua da Feira.

Após a tomada da área, os policiais se reuniram em uma parte da favela chamada de Azul, onde ficará a base do Bope. No local, serão hasteadas as bandeiras do Brasil e do Rio de Janeiro, ação que tem o objetivo de simbolizar a reconquista de um território pelas forças de segurança no processo de pacificação. A Secretaria Estadual de Segurança Pública espera que, até janeiro do ano que vem, duas unidades de polícia pacificadora (UPPs) sejam instaladas na região, uma em Manguinhos e a outra no Jacarezinho. No entanto, com medo de represália de chefes do tráfico na região, muitos moradores preferiram não comentar a ação da polícia.

De acordo com o major Ivan Blaz, inicialmente, a polícia precisa de ajuda da população para avançar com rapidez e segurança no trabalho de busca de armas e criminosos escondidos na comunidade. “Sem apoio da comunidade, não há a menor possibilidade de vencer a guerra ao crime. Aqui [Jacarezinho] em especial, estamos tratando de uma realidade que beneficia diretamente a população”, disse ele.

Na manhã de hoje, a Secretaria Municipal de Assistência Social fez uma operação para retirada de usuários de crack no entorno do Jacarezinho. A ação terminou com 18 adultos acolhidos pelos assistentes sociais da prefeitura. Desde o início da pacificação nas duas comunidades, 71 pessoas foram acolhidas.

Segundo a coordenadora da operação, a assistente social Daphne Braga, mesmo com muitas ações, alguns usuários voltaram para a cracolândia do Jacarezinho, uma das maiores da cidade. “O vínculo do usuário de crack com a rua é muito grande e, se ele tem uma proximidade muito grande com um local de onde foi acolhido, acaba voltando. Se tem familia, é ainda maior essa chance”, disse Daphne.

A entrada da polícia nas comunidades facilitou também o trabalho da Companhia de Limpeza Urbana (Comlurb) que, desde domingo, retirou das duas áreas ocupadas 220 toneladas de lixo.


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