Caso Becker entra no quinto dia de julgamento com os debates entre as partes

Caso Becker entra no quinto dia de julgamento com os debates entre as partes

Na manhã de sábado, procuradores do Ministério Público Federal iniciaram os trabalhos, que serão seguidos pela defesa à tarde

Correio do Povo

Promotoria apresentou, durante a manhã de sábado, suas considerações

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Continua, neste sábado, o julgamento dos quatro réus acusados da morte do médico oftalmologista Marco Antônio Becker, em 2008. O quinto dia do júri começou com questionamentos da defesa e da promotoria a respeito de previsão para a pronúncia da sentença. O juiz da 11ª Vara Federal de Porto Alegre, Roberto Schaan Ferreira, que preside a sessão, acredita que, no mínimo, serão necessárias nove horas para os debates entre defensores e acusação, réplicas e tréplicas.

“Estamos todos fora de nossas rotinas e longes dos nossos lares, mas não quero tomar uma decisão desta relevância e submeter aos jurados uma decisão sobre o futuro de quatro pessoas com a cabeça exausta. O que vai nos dar a resposta será o andamento dos trabalhos”, disse o magistrado, que não acredita ver o fim do júri ainda neste sábado. Quatro homens respondem pelo assassinato, o ex-andrologista Bayard Olle Fischer dos Santos, 73 anos, colega de Becker, Juraci Oliveira da Silva, o Jura, que atuaria no tráfico de drogas no Campo da Tuca e teria ordenado o crime, o ex-assistente de Bayard, Moisés Gugel, 46 anos, e Michael Noroaldo Garcia Câmara, o Tôxa, 40, então cunhado de Jura.

A sessão iniciou com a fala do Ministério Público Federal (MPF), que tem 2h30 para expor as provas que pretendem condenar os réus. Segundo o procurador da República Fábio Magrinelli Coimbra, os depoimentos das testemunhas, integrantes de forças de segurança, já seriam suficientes para condenar os acusados. “São todos sérios, de instituições diferentes, como Brigada Militar, Polícia Civil e Polícia Federal. Depois de quatro dias, eu, se fosse os senhores, já estaria convencido da responsabilidade dos réus”, disse o procurador, falando em direção ao jurados. Coimbra demonstrou elementos que provam ser uma moto Honda Falcon de cor prata o veículo utilizado pelos executores do crime que tiraram a vida do médico.

O procurador da República André Casagrande Raupp contou que, a partir de um acidente com a moto, foi descoberto que o veículo pertencia à irmã de Tôxa, que o dirigia, já que a familiar não tinha habilitação para conduzi-lo. “Ele é integrante de uma facção no Campo da Tuca, chegou a ser preso em um confronto armado com a polícia e, anos antes, foi condenado, em 2003, por ter matado outra pessoa, desferindo tiros enquanto conduzia uma moto”, relatou o procurador. Raupp acrescentou que a quadrilha trabalhava com pistolas .40, mesmo armamento utilizado para assassinar Becker. “Temos esta certeza: Tôxa estava na moto na noite de crime e ele era braço direito do Jura, que era quem dava as ordens”, conclui.

Raupp destacou, ainda, que a vítima, que havia sido presidente do Conselho Regional de Medicina do RS (Cremers), tinha por característica, a intenção de cassar colegas por más condutas que feriam o código de ética da profissão. “Bayard estava nesta lista, teve o diploma de médico cassado pelo conselho da entidade”, afirmou o procurador. No ano da morte do oftalmologista, o ex-andrologista, segundo Raupp, se tornou um oponente público de Becker, publicando apedidos em jornais para prejudicar a imagem da vítima, que buscava a reeleição no Cremers.

Ainda assim, a chapa liderada por Becker venceu. “Ele precisa acabar com a influência da vítima no Conselho e não consegue. Bayard está frustrado. É neste momento que entra pela porta de sua clínica, como paciente, o líder de uma facção que atua no Campo da Tuca. O Jura. É aí que começa o planejamento da morte de Becker”, frisou Raupp. Na sequência, o procurador relata fatos que incluiriam a participação de Moisés Gugel no crime.

Os procuradores Henrique Hahn Martins de Menezes e Bruno Costa Magalhães continuaram os debates por parte da promotoria, ainda antes do meio-dia. Na sequência, será a vez da defesa, que terá as mesmas duas e horas e meia para expor a sua parte. E, depois disso, haverá as réplicas e tréplicas.


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