Caso Eliseu Santos: finalizada fase de depoimentos das testemunhas de acusação

Caso Eliseu Santos: finalizada fase de depoimentos das testemunhas de acusação

Advogado e jornalista Leudo Costa confirmou que entregou à polícia HD com imagens comprovando suposto pagamento de propina, pela empresa de vigilância Reação, a um representante da SMS

Everton Calbar / Rádio Guaíba

publicidade

A etapa de depoimento das testemunhas de acusação do quarto julgamento que apura as responsabilidades de mais dois réus na morte do ex-secretário de Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos, terminou na tarde desta terça-feira.

Primeiro a depor, o jornalista e advogado Leudo Costa reiterou o que já havia dito no decorrer do processo. Ele também relatou o período em que atuou como advogado da empresa Reação, que era dirigida pelo empresário Jorge Renato Hordoff de Mello, apontado no processo do Ministério Público do RS como o mandante do crime. A empresa fazia vigilância terceirizada em postos de saúde da capital.

Durante a oitiva, Leudo contou que ouviu de Marcelo Machado Pio, um dos réus, relatos que havia sido “dado um calor no Eliseu e nos parentes dele” (em referência ao caso de disparados a partir de uma moto contra o secretário, em situação anterior à morte de Eliseu, e contra a casa de um familiar dele). Leudo também mencionou a entrega, no escritório da Reação, de um HD com imagens comprovando suposto pagamento de propina da empresa para um advogado vinculado à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), além de cenas desse mesmo advogado manuseando uma arma.

A testemunha disse que, com o tempo. perdeu a confiança nos gestores da Reação, mesmo trabalhando na empresa. E confirmou que, ao saber da morte de Eliseu, entregou as imagens à Delegacia de Homicídios, pessoalmente ao delegado Bolívar Llantada, responsável pela investigação.

A última testemunha de acusação a depor falou na sequência. Ex-funcionário da Reação, Leandro Oliveira Martins trabalhou como supervisor por cerca de 1 ano e dois meses. Em depoimento, a testemunha confirmou ter ciência dos valores pagos a uma pessoa da SMS, mas que não sabia se tratar de propina. “Eu vi pelo menos três vezes a entrega de envelopes, cada um contendo R$ 10 mil”, relatou.

Após, o julgamento seguiu com as testemunhas de defesa, entre elas o governador do RS, Ranolfo Vieira Jr. À época do crime, em 2010, o chefe do Executivo era diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC) da Polícia Civil.

A investigação da instituição apontou que Eliseu Santos havia sido vítima de um latrocínio, enquanto o MP concluiu que o político sofreu um complô. A versão do MP é a que está em julgamento. Conforme o órgão estadual, um escândalo de corrupção descoberto por Eliseu motivou a execução.

Ainda em relação as oitivas, na condição de informantes, duas testemunhas convocadas pelo Ministério Público prestaram depoimento na manhã desta terça: Denise Goulart Silva, viúva da vítima, e Paulo de Mello Aleixo, sogro da filha do ex-secretário.

O Tribunal do Júri, formado por cinco homens e duas mulheres, deve durar dois dias no Plenário de Grandes Júris, no segundo andar do Foro Central I, na capital. Além de Marcelo Machado Pio, acusado de ser o mentor da execução de Eliseu, senta no banco dos réus Jonatas Pompeu Gomes, acusado de ter ajudado a organizar o delito.

Outras condenações

Ao todo, quatro pessoas já foram julgadas e condenadas pelo assassinato de Eliseu Santos, e outro denunciado acabou morrendo antes de ir a júri. Jorge Renato Hordoff de Mello, condenado a 42 anos, teve a pena mais alta entre os quatro sentenciados pelo assassinato até aqui. Antes dele, foram a julgamento Robinson Teixeira dos Santos, que pegou 33 anos de prisão; e Eliseu Pompeo Gomes e Fernando Junior Treib Krol, sentenciados a 27 anos e 10 meses de prisão, cada, em maio de 2016.

Além do julgamento que teve início nesta terça, mais três acusados de envolvimento no homicídio serão julgados no dia 12 de dezembro: Marco Antônio de Souza Bernardes (ex-assessor Jurídico da Secretaria Municipal de Saúde), Cássio Medeiros de Abreu (enteado de Marco Antônio) e José Carlos Elmer Brack (ex-presidente do PTB em Porto Alegre, que trabalhou na Secretaria Municipal de Saúde).

Relembre o caso

Em 26 de fevereiro de 2010, o então secretário de Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos, morreu baleado, aos 63 anos, na saída de um culto religioso, no bairro Floresta, em Porto Alegre, na presença da mulher e da filha, de sete anos na ocasião. O médico, armado, tentou revidar os disparos, mas não resistiu.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895